Arqueologia

Por Redação Galileu

A revista científica Archaeological and Anthropological Sciences publicou um estudo sobre a descoberta de dois esqueletos com membros amputados da mesma forma, o que sugere que a mutilação foi feita como forma de punição. Os ossos de mais de 2.000 anos coincidem com o período histórico da Dinastia Zhou Oriental da China.

O estudo foi conduzido pela paleoantropóloga Qian Wang e sua equipe da Universidade do Texas A&M, nos Estados Unidos.

Os esqueletos foram achados durante uma escavação em um local próximo de Sanmenxia, uma cidade na província de Henan, na China. As ossadas datam entre 2.300 a 2.500 anos atrás, quando os líderes da Dinastia Zhou Oriental, governaram partes da China (771 a.C. a 256 a.C.).

Um dos esqueletos, possivelmente um homem, estava sem o pé esquerdo e a perna esquerda, que media oito centímetros, estava um quinto da parte inferior mais curto do que a perna direita.

O segundo esqueleto, possivelmente também do sexo masculino, tinha a perna direita com o mesmo comprimento de osso cortado, embora, não de forma bruta. Faltam em ambos membros de comprimentos semelhantes, cortados com uma diferença de apenas um centímetro entre si.

Os ossos cortados em comparação com os seus homólogos intactos. — Foto: Ciências Arqueológicas e Antropológicas
Os ossos cortados em comparação com os seus homólogos intactos. — Foto: Ciências Arqueológicas e Antropológicas

"Esta descoberta, junto com algumas descobertas anteriores, corrobora com registros históricos escritos de leis e punições [utilizadas durante a Dinastia Zhou Oriental]", diz Wang em comunicado.

Não é possível determinar o motivo da acusação contra os dois homens somente pela análise dos ossos. Entretanto, de acordo com Wang, a partir de documentos históricos, um dos homens pode ter recebido uma punição mais severa do que outro, pois amputação da perna direita era reservada para delitos mais graves.

"A amputação punitiva de ambos os pés era reservada para crimes ainda mais graves", ressalta Wang. A equipe de pesquisa teoriza que os restos esqueléticos evidenciam amputações habilidosas e, que embora tenham sido utilizadas de forma punitiva, também envolviam cuidados para facilitar a recuperação dos homens.

É provável que ambos tenham sobrevivido por anos depois, pois os seus ossos da perna mostravam sinais de cicatrização. "Como a amputação por pena não era um fenômeno incomum, eles podem ter retornado à vida social normal e ter sido enterrados de maneira adequada após a morte", explica Wang.

Segundo a pesquisa, é provável que os homens tivessem um alto status social para que fosse permitido sua reabilitação. Cada esqueleto foi encontrado em um caixão de duas camadas e o estavam enterrados na direção norte-sul, uma orientação que era reservada, geralmente, para membros de classe alta.

Por outro lado, os plebeus eram relegados a túmulos menores e enterrados na zona leste a oeste. Tinham bens funerários nos túmulos encontrados dos homens e seus ossos continham isótopos, sugerindo que eles consumiam uma dieta rica em proteínas. Nesse contexto, é provável que ambos fossem aristocratas, mas funcionários de baixo escalão.

Em outras culturas antigas, a história está repleta de outros exemplos de amputação. Como por exemplo, o caso mais antigo documentado em Bornéu, na Indonésia, é de uma criança que teve seu pé esquerdo removido cirurgicamente e que viveu durante vários anos após a amputação.

Outras pessoas também tiveram membros removidos por razões médicas, como na Espanha do século 18 e 19 por feridas infectadas ou no Egito, para tratamento de doenças, como diabetes. Mas de acordo com registros arqueológicos, membros eram amputados em locais como Peru e Portugal para punir infratores.

"Esses casos enriquecem nossa compreensão das leis penais e suas implementações, capacidades de cuidados médicos e as atitudes benevolentes gerais em relação àqueles que foram punidos pela lei a partir dos contextos sociais e arqueológicos da antiga China", finaliza Wang sobre os dois homens chineses que pagaram por seus crimes desconhecidos.

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