A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) deu o título de “patrimônio cultural” à Via Ápia, na Itália, nesta semana. A estrada de pedras data do século 4 a.C., e corta o país por 800 km, ligando Roma a cidades mais ao leste, até chegar ao seu destino final no porto sul de Brindisi.
Conhecida como a “rainha das estradas de longa distância” (do latim longarum regina viarum), a sua história começou em 312 a.C. Na ocasião, o censor romano Ápio Cláudio Ceco (que dá nome à via) ordenou a construção do primeiro trecho, da capital até a cidade de Cápua.
Antes da via Ápia, as únicas estradas romanas levavam à região central da Etrúria, próximo ao que é conhecido hoje como Toscana. Segundo destaca a Unesco, foi por isso que a Via Ápia foi crescendo, conforme desempenhava um papel importante na conquista de territórios do Império Romano. Ao todo, hoje, a estrada contém 22 partes.
A via Ápia atuou como um caminho estrategicamente posicionado pelo qual os militares podiam avançar em direção à Ásia Menor, a estrada ainda permitiu o crescimento das cidades e a formação de novos assentamentos. O acesso facilitado às regiões comerciais facilitou a produção agrícola e o seu escoamento.
Além da qualidade da estrada, que consiste em cinco camadas, a Via Ápia impressiona pelas construções em seus arredores. Arcos triunfais, banhos, anfiteatros, basílicas, aquedutos, canais, pontes e fontes fazem parte do cenário.
Trata-se de um “conjunto totalmente desenvolvido de obras de engenharia, que ilustra a habilidade técnica avançada dos romanos na construção de estradas, projetos de engenharia civil, infraestrutura e obras de recuperação de terras”, segundo a UNESCO.
Reconhecimento
Como destacou a revista Smithsonian, as autoridades adicionaram a estrada histórica à lista da Unesco na última reunião do Comitê do Patrimônio Mundial em Deli, na Índia. Com o novo título, a Via Ápia tornou-se a 60ª propriedade da Itália a receber o status de Patrimônio Mundial.
Sobre o assunto, Gennaro Sangiuliano, ministro da cultura do país, afirma à Reuters que a nova designação reconhece o “valor universal de uma extraordinária obra de engenharia que tem sido essencial durante séculos para as trocas comerciais, sociais e culturais com o Mediterrâneo e o Oriente”.