Arqueologia

Por Redação Galileu

Os destroços do navio Endurance, submerso em 1915 sob as águas do Mar de Weddell, no oceano Antártico, foi descoberto em 2022. Mesmo depois de um século embaixo da água, Endurance permanece surpreendentemente intacto. Hoje, a embarcação já faz parte do ecossistema da região, servindo como lar para espécies de anêmonas, estrelas-do-mar e esponjas.

Desde então, órgãos de preservação têm se mobilizado para proteger o naufrágio de atividades não autorizadas. Mas, pelo fato de o navio estar na região da Antártida, que não é administrada por um único país, esses esforços de conservação são mais complexos.

Nesta semana, um plano de gestão envolvendo todos os países signatários do Tratado da Antártida foi aprovado. A ideia do projeto, liderado pela UK Antarctic Heritage Trust (UKAHT) e pela Historic England, é delimitar uma área para conservar a embarcação no local onde ela naufragou.

Entre as mudanças sugeridas pelo plano, está o alargamento do raio do anel de proteção ao redor do navio. Até então, era proibido se aproximar mais do que 500 m do local. Agora, esse limite será três vezes maior, de 1,5 km.

A segunda recomendação é designar o espaço ocupado por Endurance como uma Área Antártida Especialmente Protegida (ASPA). Por meio deste status de patrimônio marinho, fica proibida a condução de atividades turísticas, pescas ou mesmo pesquisas sem as devidas autorizações.

O naufrágio já é naturalmente “muito bem protegido”, a 3 km de profundidade no Mar Weddell, como explica Camilla Nichol, executiva-chefe da UKAHT, em nota à imprensa. “Mas, agora que sua localização é conhecida, as pessoas estão interessadas em visitar o local. E, com as mudanças climáticas, a tendência é que ele se torne de mais fácil acesso, sem tantas geleiras”.

A conservação ambiental da região também é tema-chave do plano. Os especialistas indicam que, se as temperaturas da água continuarem a subir e o oceano acidificar, isso pode resultar na deterioração biológica e química do ecossistema abrigado no Endurance, bem como comprometer a própria estrutura de madeira da embarcação.

Por isso, as autoridades responsáveis preveem até que quaisquer projetos de pesquisa futuros na região tenham os seus resultados publicados de forma aberta. Assim, garantindo o acesso a possíveis dados essenciais para a conservação do naufrágio.

Como aconteceu o naufrágio em 1915

Registro de 1915, quando o navio ficou preso no gelo, pouco antes de naufragar — Foto: Divulgação/Royal Geographical Society
Registro de 1915, quando o navio ficou preso no gelo, pouco antes de naufragar — Foto: Divulgação/Royal Geographical Society

A longa jornada do Endurance começou em 1914, quando o famoso explorador Ernest Shackleton e sua tripulação de 27 pessoas partiram na Expedição Transantártica Imperial. Saindo da ilha Geórgia do Sul, território britânico ultramarino no Oceano Atlântico, o objetivo era cruzar o continente antártico até chegar ao Mar Ross.

No entanto, durante o caminho, o navio ficou preso e a tripulação precisou abandar o barco e montar acampamento no gelo. Segundo os registros oficiais, o naufrágio ocorreu, por fim, no dia 21 de novembro de 1915.

Depois de meses enfrentando as baixas temperaturas e o mar agitado, a tripulação usou três botes salva-vidas para se transportar até a Ilha Elefante. De lá, Shackleton e outros cinco marinheiros percorreram mais alguns quilômetros até retornar à Geórgia do Sul e organizar o resgate do resto da tripulação.

“O Endurance está ao lado do Titanic como um dos naufrágios mais famosos do mundo, e a história da expedição de Shackleton e sua notável missão de resgate é de importância internacional”, conclui Nichol. “Nosso plano quer dar justamente a maior chance de proteger essa herança excepcional e sua história cativante para as gerações futuras”.

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