Durante escavações na antiga cidade de Tios, perto de Zonguldak, na Turquia, uma equipe de pesquisadores descobriu uma grande necrópole romana -- a primeira da região do Mar Negro. Até agora, foram desenterrados 96 sarcófagos, 23 sepulturas de câmara, sete urnas mortuárias, 60 sepulturas com "telhados" e mais de 1300 objetos funerários.
Tios foi uma colônia grega fundada no século 7 a.C., mas que permaneceu relativamente bem preservada ao longo dos anos. Por isso, o seu registro arqueológico, praticamente inalterado, é uma oportunidade única de estudo pelos especialistas.
O professor Şahin Yıldırım, que lidera o projeto de escavação, afirmou à Agência estatal de notícias turca Anadolu que o cemitério surpreende por seu nível de complexidade: “A necrópole remonta aos séculos 1 e 3 d.C., ou seja, ao período romano. Vemos que esta área foi planejada e conta com uma estrutura que consiste em ruas, becos e terraços, assim como uma cidade”.
Uma avenida de aproximadamente 500 m de extensão dá acesso a diversos sarcófagos construídos de forma a acompanhar a estrada em ambos os seus lados. Ainda existem entradas para tumbas de câmara nas encostas e cumes.
Por meio da análise dos artefatos e lápides, os arqueólogos sugerem que os enterros serviam como espaços de depósito para os restos mortais de romanos ricos. O cemitério foi usado principalmente durante os séculos 2 e 3 d.C.
“Percebemos ainda que as necrópoles foram saqueadas em algum momento do passado. Imaginamos que, durante as invasões góticas, uma parte significativa dos túmulos foi aberta e teve itens valiosos levados. Porém, parece que depois que os godos partiram, os romanos reorganizaram os túmulos de seus mortos e continuaram a utilizá-la. Este foi um ponto de dados importante para nós”, relata Yıldırım.
Importância e implicações da descoberta
Esta é a primeira área de necrópole encontrada em uma cidade antiga do Mar Negro. Portanto, ocupa um lugar muito importante para a arqueologia da região.
Além de informações sobre os rituais funerários, a necrópole ainda sugere dados políticos sobre Tios. “Inscrições indicam que uma parcela significativa dos habitantes da cidade ganhou o direito de ser cidadão romano na época durante a época do Imperador Marco Aurélio. Nos deparamos com sepulturas que parecem pertencer a soldados”, explica Yıldırım.
Outras questões sobre o cemitério continuam em aberto, como, por exemplo, a identidade dos esqueletos enterrados. De acordo com a pesquisa antropológica inicial, os indivíduos sepultados podem ter laços familiares entre si.
Também parece que alguns túmulos de câmara foram reutilizados pelos bizantinos no século 6 d.C. Essa possibilidade também precisa ser melhor estudada conforme as escavações na necrópole continuam.