Um grupo de historiadores marítimos da Associação de Arqueologia Subaquática de Wisconsin (WUAA), nos EUA, localizou os restos do barco Margaret A. Muir a 15m de profundidade no Lago Michigan. O naufrágio aconteceu no dia 30 de setembro de 1893, quando a tripulação da embarcação foi surpreendida por uma rápida e devastadora tempestade.
Os esforços na busca pelo navio começaram há duas décadas, quando o pesquisador Brendon Baillod passou a compilar um banco de dados de naufrágios perdidos de Wisconsin. Com base no levantamento, ele delimitou a área de busca para um perímetro de 13km². A embarcação foi localizada relativamente próxima à costa da cidade de Algoma.
Com a identificação do naufrágio, a arqueóloga marítima Tamara Thomsen foi convocada para uma expedição aos restos do navio. No mergulho, ela capturou fotos de alta resolução, que serviram para os pesquisadores desenvolverem um modelo 3D de Margaret A. Muir. Veja abaixo.
As fotos e o modelo mostram que o navio está em péssimo estado, com um convés desmoronado e laterais soltas. Algumas peças, incluindo duas âncoras gigantes, bombas manuais, guincho de proa e cabrestante, ainda estão intactas.
“Uma das coisas curiosas sobre esse naufrágio é que ele se abriu. Então, podemos ver os detalhes arquitetônicos da construção, de como uma embarcação de madeira dos Grandes Lagos do século 19 foi construída”, conta Baillod à CNN. “É quase como se alguém o tivesse desmontado arquitetonicamente para mostrar exatamente como ele foi construído”.
A partir de agora, a WUAA planeja trabalhar com a Wisconsin Historical Society para nomear o naufrágio e incluí-lo no Registro Nacional de Locais Históricos, o que garantiria medidas de proteção à estrutura. Outra embarcação encontrada pela equipe em 2023, Trinidad, já foi listada.
A ruína de Margaret A. Muir
Construído pelo em 1872 pelo estaleiro Hanson & Scove especificamente para o capitão David Muir, o barco velejou pelos Grandes Lagos durante cerca de 20 anos. Sua estrutura tinha 40 m de comprimento e contava com três mastros. Era utilizado, sobretudo, para o transporte e comercialização de grãos na região.
Os registros da época indicam que, quando afundou, o navio transportava 4.375 barris de sal de Bay City para South Chicago. Ele havia passado pelo Estreito de Mackinac, a hidrovia que conecta o Lago Huron e o Lago Michigan, quando uma tempestade chegou com rajadas de vento de até 80km/h.
A princípio, o Margaret A. Muir pareceu suportar o mau tempo. Mas, por volta das 7h30, as ondas ficaram mais fortes e altas, chegando a 4,5 m, o que levou a quebra do convés, lembra o comunicado da descoberta.
O capitão David Clow ainda tentou navegar em direção ao porto de Ahnapee (hoje Algoma) para uma parada de emergência, porém, já era tarde demais: o porão estava quase totalmente submerso. Antes que o comandante pudesse ordenar que a tripulação abandonasse o navio, Margaret A. Muir balançou violentamente e mergulhou para o fundo.
Embora os sete humanos abordo da escuna tenham conseguido sobreviver com a ajuda de um bote salva-vidas, o fiel cão do capitão Clow não teve a mesma sorte. Com a rapidez dos acontecimentos, o animal não conseguiu ser resgatado e afundou junto da embarcação.
Quando enfim chegaram à praia, os moradores locais socorreram os tripulantes. Poucos dias depois do incidente, o jornal Chicago Tribune relatou que Clow ficou tão abalado com o incidente que jurou parar de velejar.