Biologia

Por Redação Galileu

Não é incomum que pais — especialmente mães — sacrifiquem seu próprio sucesso em prol de seus filhos. Segundo um novo estudo, publicado no periódico Current Biology nesta quarta-feira (8), orcas levam isso a um extremo surpreendente: elas sacrificam seu próprio sucesso reprodutivo para cuidar de seus filhos, mesmo depois que eles se tornam adultos.

A constatação foi feita em um grupo de orcas que vive no Pacífico, nas águas costeiras do estado de Washington, nos EUA, e da Colúmbia Britânica, no Canadá. Os animais são monitorados desde 1976 pelo Centro de Pesquisa de Baleias dos Estados Unidos. O estudo foi feito por pesquisadores do próprio centro e da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

O objetivo principal da análise era entender como o fato de machos acompanharem suas mães por toda a vida impacta as progenitoras. “Há mais de uma década sabemos que orcas machos adultos dependem de suas mães para mantê-los vivos, mas nunca ficou claro se as mães pagam um custo para isso”, diz Michael N. Weiss, um dos autores da pesquisa, em comunicado.

A disponibilidade de dados demográficos detalhados permitiu que eles analisassem diretamente como cuidar de filhos e filhas afeta as chances de reprodução das fêmeas. “A comunidade de orcas residente no sul [da região analisada] apresenta uma oportunidade incrível para investigar esse tipo de questão”, observa Weiss.

Grupo de orcas analisado vive no Pacífico, na costa noroeste dos EUA e sudoeste do Canadá — Foto: David K. Ellifrit (NMFS 21238)/Center for Whale Research
Grupo de orcas analisado vive no Pacífico, na costa noroeste dos EUA e sudoeste do Canadá — Foto: David K. Ellifrit (NMFS 21238)/Center for Whale Research

Na primeira etapa da pesquisa, os autores contabilizaram o número de filhotes fêmeas e machos desmamados sobreviventes em cada ano. Notou-se que os machos se sobressaíam. Isso porque a progenitora acaba cuidando mais do que deveria dos filhotes do sexo masculino, ao ponto de interromper sua reprodução.

Isso não pode ser explicado pelos efeitos da lactação ou da composição do grupo de orcas, o que, segundo os autores, sustenta a hipótese de que cuidar de filhos na idade adulta é caro em termos reprodutivos.

As descobertas oferecem a primeira evidência direta de investimento materno vitalício em qualquer animal. “Embora haja alguma incerteza, nossa melhor estimativa é que cada filho sobrevivente reduz as chances de uma fêmea ter um novo filhote em um determinado ano em mais de 50%. Esse é um custo enorme para cuidar de filhos [adultos]!”, comenta Weiss.

Entretanto, as descobertas também sugerem que há vantagens em manter os filhos adultos vivos e bem: as fêmeas obtêm benefícios evolutivos quando sua prole é capaz de se reproduzir com sucesso.

As descobertas também podem ter importantes implicações de conservação, dizem os pesquisadores. As orcas residentes dessa região do Pacífico estão criticamente ameaçadas, em especial devido a suas baixas taxas reprodutivas. O estudo revela, portanto, um fator determinante e não reconhecido anteriormente para o sucesso reprodutivo de uma fêmea.

“Talvez mais importante, nosso estudo contribui para o crescente corpo de trabalhos que mostram a importância dos sistemas sociais dos animais na determinação dos padrões demográficos. Isso é de importância central tanto para a compreensão do nosso mundo quanto para a conservação efetiva de espécies ameaçadas de extinção”, ressalta Weiss.

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