Em setembro de 2022, pescadores avistaram uma cena raríssima no oceano: dois tubarões-boca-grande (Megachasma pelagios) nadando livremente nas águas de San Diego, na Califórnia, na costa oeste dos Estados Unidos.
O registro é considerado raro. Descoberta em 1976, a espécie só foi avistada 273 vezes até hoje, sendo a maioria dos episódios em situações de caça. Mas o vídeo também é especial porque é a primeira vez que uma dupla desses tubarões é flagrada na natureza.
Segundo o portal Live Science, esses animais se alimentam por filtros que peneiram a comida em suas enormes bocas, o que os coloca na categoria de “tubarões filtradores”. O tubarão-boca-grande pode chegar a 5,5 metros de comprimento e pesar 1,2 tonelada.
Pesquisadores da Universidade de San Diego analisaram as imagens obtidas na região e publicaram um artigo no periódico Environmental Biology of Fishes no último dia 13 de março. O principal foco da pesquisa era analisar os comportamentos sociais de tubarões filtradores, que incluem tubarões-elefante (Cetorhinus maximus) e tubarões-baleia (Rhincodon typus ).
A equipe também quis entender por que os tubarões-boca-grande estariam nadando em dupla. Na filmagem é possível ver que o tubarão de menor porte permanece mais fundo, seguindo o barco, enquanto o maior se mantém na superfície.
Ao avaliarem a imagem minuciosamente, os pesquisadores notaram a aparição de clásper, órgãos sexuais masculinos visíveis, sugerindo que o menor dos dois tubarões era macho. Assim, os autores determinaram que o outro animal provavelmente era fêmea. A suposição se baseou na falta de clásper e em cicatrizes semelhantes às encontradas em tubarões fêmeas após o acasalamento.
Por isso, é provável que os tubarões avistados estivessem se movimentando para esse fim. "O comportamento social dos tubarões-boca-grande ainda é uma espécie de caixa preta para os cientistas, e observações como essas são emocionantes, gerando um monte de perguntas e teorias que podem ser mais estudadas", disse ao Live Science Carl Meyer, pesquisador associado do Shark Research Lab no Instituto de Biologia Marinha do Havaí, que não esteve envolvido no estudo.