Biologia

Por Redação Galileu

O mamute-lanoso (Mammuthus primigenius) foi uma espécie que se adaptou às regiões mais ao norte do planeta. A evolução desses indivíduos se deu por uma série de transições morfológicas definidas por questões como clima mais frio e altitudes com paisagens abertas e vegetação gramínea.

Para entender melhor essas características, uma equipe de pesquisadores comparou os genomas de mamutes-lanosos com os dos elefantes modernos. A análise verificou genomas de 23 mamutes, incluindo um dos mais antigos espécimes conhecido, com 700 mil anos de idade. Os resultados, compartilhados na revista Current Biology na última sexta-feira (7), foram surpreendentes.

Além de descobrirem que o pelo grosso e a espessa camada de gordura no corpo dos mamutes já estavam codificados geneticamente desde os primeiros indivíduos da espécie, os pesquisadores também identificaram um gene com várias mutações que podem ter sido responsáveis ​​pelas minúsculas orelhas desses animais.

“Os mamutes-lanosos têm algumas características morfológicas muito específicas, como seu pelo grosso e orelhas pequenas, que você obviamente espera com base na aparência dos espécimes congelados, mas também existem muitas outras adaptações, como o metabolismo da gordura e a percepção do frio, que não são tão evidentes porque eles estão no nível molecular", conta o paleogeneticista e primeiro autor do estudo, David Díez-del-Molino, em nota.

Análise genômica

Para avaliar cada uma das adaptações pelas quais essa espécie extinta passou, a equipe comparou os genomas de 23 mamutes-lanosos siberianos com os de 28 elefantes modernos da Ásia e da África. Da espécie já extinta, 22 viveram nos últimos 100 mil anos e 16 dos genomas nunca haviam sido sequenciados.

Na época de sua origem, o mamute-lanoso já havia adquirido um amplo espectro de genes positivamente selecionados, incluindo aqueles associados ao desenvolvimento de pelos, pele, armazenamento e metabolismo de gordura e função do sistema imunológico. “Encontramos alguns genes altamente evoluídos relacionados ao metabolismo e armazenamento de gordura que também são encontrados em outras espécies do Ártico, como renas e ursos polares”, relata Díez-del-Molino.

Representação do habitat dos mamutes-lanosos — Foto: Reprodução/Wikimedia Commons
Representação do habitat dos mamutes-lanosos — Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

O estudo permitiu que os cientistas também identificassem que genes antes considerados especiais nos mamutes-lanosos eram, na verdade, uma característica presente em outras espécies e que variavam conforme a necessidade de adaptação.

No geral, o genoma de Chukochya, o mamute de 700 mil anos, compartilhaaproximadamente 91,7% das mutações que causaram alterações na codificação de proteínas nos mamutes-lanosos mais modernos. Isso significa que muitos dos traços definidores do mamute lanoso provavelmente já estavam presentes quando a espécie divergiu de seu ancestral, o mamute-da-estepe.

Os resultados sugerem que esses fenótipos continuaram a evoluir durante os últimos 700 mil anos, mas por meio de seleção positiva em diferentes conjuntos de genes. De acordo com o estudo, outros genes adicionais identificados sofreram seleção positiva recente, incluindo aqueles relacionados a morfologia esquelética, tamanho do corpo e as orelhas pequenas.

“Os primeiros mamutes-lanosos não eram totalmente evoluídos”, diz Love Dalén, professor de genômica evolutiva no Centro de Paleogenética em Estocolmo, na Suécia. “Eles possivelmente tinham orelhas maiores e sua lã era diferente – talvez menos isolante e fofa em comparação com os mamutes-lanosos posteriores”.

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