Biologia

Por Redação Galileu

À medida que os seres humanos e os outros animais envelhecem, seus músculos começam a se desgastar, perdendo massa e força. Esse fenômeno natural é conhecido como “sarcopenia” e, apesar de já ter sido comprovado pela ciência, ainda não havia uma explicação do porquê disso acontec, econômicos e de saúde, destacam os autores do estud

No entanto, uma nova pesquisa conduzida pela Universidade Monash, na Austrália, parece ter encontrado um caminho para se chegar a essas respostas. Utilizando exemplares de um peixe, os especialistas observaram que, no final da vida desses animais, seus músculos revertem para um estágio anterior, retardando a mortalidade. Os resultados foram publicados no periódico Aging Cell.

Segundo a equipe responsável, essa descoberta pode fornecer uma pista para desacelerar – ou até mesmo interromper – as perdas musculares humanas relacionadas à idade. “Com a tendência de envelhecimento da população global, existe uma necessidade urgente de se entender a sarcopenia. Somente assim será possível promover intervenções médicas adequadas para um envelhecimento muscular saudável”, aponta o autor Peter Currie, em nota à imprensa.

Observações da sarcopenia

Para o estudo, os pesquisadores utilizaram, pela primeira vez, peixes da espécie killifish turquesa africano (Nothobranchius furzeri). O animal apresenta o menor tempo de vida dentre todos os vertebrados conhecidos. Em seu ciclo de vida, os killifishes eclodem no período de chuvas, crescem rapidamente e amadurecem sexualmente em apenas duas semanas, quando passam a se reproduzir diariamente até que as piscinas formadas dentro das bacias hidrográficas sequem.

Mesmo com o curto período de vida, os killifishes experienciam os sintomas de envelhecimento ao longo de suas fases de desenvolvimento. Muitos deles, inclusive, são semelhantes àqueles comuns aos seres humanos, tais como aparecimento de lesões cancerígenas, redução da capacidade regenerativa dos membros e diminuição no número e função de cópias do DNA mitocondrial.

A partir da observação da caracterização celular e molecular completa do músculo esquelético do início da vida, da fase adulta, da velhice e da idade extremamente avançada, a equipe chegou a resultados surpreendentes. Notou-se que, durante o estágio mais tardio da vida, as características metabólicas do envelhecimento, que, até então, estimulavam o atrofio, eram revertidas.

“Nossa descoberta sugere que, em animais extremamente velhos, pode haver mecanismos que impeçam uma maior deterioração da saúde do músculo esquelético, o que pode contribuir para uma extensão de sua vida útil”, afirma Currie. “Vale ressaltar que essa melhora coincide perfeitamente com um estágio de diminuição das taxas de mortalidade”.

Juventude prolongada

Os cientistas acreditam que esse fenômeno de reversão muscular pode ser um fator crítico na extensão da expectativa de vida em indivíduos muito idosos. Na análise do metabolismo dos peixes, atestou-se justamente que certas características metabólicas dos animais mais velhos eram rejuvenescidas para se assemelharem às dos jovens.

Segundo os autores, os lipídios são os responsáveis pelo suposto rejuvenescimento. Dessa forma, eles acreditam que usando drogas que regulam a formação de certas gorduras, um processo semelhante pode ser alcançado.

“Durante a velhice extrema, há uma notável depleção de lipídios, que são as principais reservas de energia em nossas células. Isso imita um estado de restrição calórica, um processo conhecido por prolongar a expectativa de vida em outros organismos”, explica Currie.

Esses movimentos metabólicos resultam na ativação de mecanismos mais tardios, permitindo com que o animal mantenha o seu equilíbrio de nutrientes e, consequentemente, viva mais. Já é sabido que um processo semelhante a esse pode ser visto no músculo de atletas altamente treinados.

A ideia de que o envelhecimento pode ser reversível e potencialmente tratável por drogas que podem manipular o metabolismo de uma célula é uma perspectiva empolgante. No contexto de crescimento da população idosa em todo o mundo, a possibilidade carrega consigo benefícios sociais, econômicos e de saúde, destacam os autores do estudo.

Avnika Ruparelia, coautora da pesquisa, conclui: “Temos uma oportunidade única de estudar os processos biológicos que regulam o envelhecimento e as doenças relacionadas à idade. Assim, poderemos investigar estratégias para promover um envelhecimento saudável a todos”.

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