Biologia

Por Redação Galileu

Uma mulher de 48 anos da Austrália é o terceiro caso conhecido de pessoa que contraiu a bactéria Clostridium chauvoei. Mas ela teve sorte: é também a primeira a sobreviver a esse agente infeccioso mortal, que costuma acometer animais como bovinos e ovinos. Um artigo sobre o caso foi publicado em agosto no periódico The Medical Journal of Australia.

Após cuidar de seu jardim sem usar luvas, a mulher começou a apresentar náusea e vômito durante três dias, além de uma progressiva dor no lado inferior direito do abdômen. Ela foi ao hospital, onde exames revelaram falhas renais e hepáticas, além de aumento no ácido lático na corrente sanguínea. Quando em excesso, essa substância produzida pelos músculos é um indicador de choque séptico, nome dado a uma infecção que se alastra pelo organismo.

Inicialmente, os médicos prescreveram apenas antibiótico. Algumas horas depois, porém, uma tomografia computadorizada mostrou que parte de seu intestino estava inflamado. Em poucos dias, um exame de sangue revelou a causa misteriosa do quadro: a Clostridium chauvoei.

Segundo o portal Live Science, além de antibióticos, a paciente foi submetida a uma terapia com oxigênio hiperbárico (HBOT) — procedimento no qual o indivíduo é colocado em uma câmara de alta pressão que contém apenas oxigênio — para impedir o crescimento dessas bactérias, que são anaeróbias.

Seus rins e fígado voltaram a funcionar, e os níveis de ácido lático diminuíram o suficiente para que ela fosse liberada do hospital. No entanto, alguns dias depois, as dores abdominais e diarreia retornaram. Outra tomografia computadorizada revelou perfurações em seu intestino grosso, que posteriormente foram confirmadas como morte dos tecidos intestinais.

Em uma cirurgia, os médicos removeram o lado direito de seu intestino grosso e instalaram uma estomia, o que envolve redirecionar o intestino através de um orifício no abdômen para que as fezes ainda possam sair do corpo. Duas semanas e meia depois, a australiana estava se recuperando bem e, em três meses, ela tirou a bolsa de estomia.

Segundo o Live Science, até agora, apenas outras duas pessoas haviam sido infectadas por C. chauvoei, e ambas morreram. Uma delas tinha um sistema imunológico enfraquecido, e a outra tinha uma infecção grave nos tecidos moles chamada gangrena gasosa que não pôde ser tratada.

No caso da australiana, o que a salvou não foi apenas sorte: o uso precoce de antibióticos, a cirurgia no tempo certo e sua boa saúde contribuíram para que ela sobrevivesse.

Transmissão em animais e humanos

Em bovinos e ovinos, a Clostridium chauvoei causa uma doença conhecida no Brasil como carbúnculo sintomático, ou Peste da Manqueira. Ela se manifesta por meio de lesões nos músculos e na pele que escurecem a região afetada, entre outros sintomas.

A transmissão para o bichos acontece por meio de esporos bacterianos presentes no solo e que podem ser consumidos durante o pastejo, ao beber água e se alimentar. A contaminação também pode ocorrer através de machucados na pele dos animais.

Com os humanos é a mesma coisa: se ingeridos ou absorvidos por meio de machucados, por exemplo, esses esporos podem se espalhar pela corrente sanguínea até se alojar em alguma parte do tecido muscular. Por serem anaeróbias — ou seja, não precisarem de oxigênio —, essas estruturas germinam quando falta esse gás essencial à nossa respiração. E aí, podem se espalhar rapidamente pelo corpo.

Australiana teria adquirido bactéria ao manejar terra contaminada sem luvas — Foto: Jonathan Kemper/Unsplash
Australiana teria adquirido bactéria ao manejar terra contaminada sem luvas — Foto: Jonathan Kemper/Unsplash

No caso da australiana, os autores acreditam que o contágio se deu por meio do contato da terra contaminada com cortes causados por arranhões de gato nas mãos da mulher.

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