Biologia

Por Redação Galileu

A evidência mais antiga de um fungo causador de doença já registrada foi descoberta nas coleções do Museu de História Natural de Londres, na Inglaterra. O organismo está descrito em artigo publicado em 1º de dezembro na revista Nature Communications.

O fungo foi nomeado em homenagem à autora inglesa Beatrix Potter, que estudou o crescimento de fungos e fez desenhos detalhados deles. Em alguns casos, écadas à frente da pesquisa científica. Seu primeiro livro foi A história de Pedro Coelho (1902), um sucesso ao qual se seguiram mais de 20 livros que se tornariam clássicos da literatura infantil inglesa.

"Nomear esta espécie importante em homenagem a Beatrix Potter parece uma homenagem apropriada ao seu trabalho notável e comprometimento em desvendar os segredos dos fungos", disse Christine Strullu-Derrien, do Museu de História Natural de Londres e autora principal do estudo que descreve o organismo, em comunicado.

Potteromyces asteroxylicola ilustrado em luz branca — Foto: Christine Strullu-Derrien et.al
Potteromyces asteroxylicola ilustrado em luz branca — Foto: Christine Strullu-Derrien et.al

O fungo recém-descrito, Potteromyces asteroxylicola, é considerado fundamental para desvendar a origem do maior filo de fungos. O ser foi descoberto em amostras fósseis vindas de um local geológico escocês chamado Rhynie Chert, conhecido por uma comunidade do início do Devoniano de plantas e animais preservados, incluindo bactérias e fungos.

"Embora outros parasitas fúngicos tenham sido encontrados nesta área antes, este é o primeiro caso de um causando doença em uma planta", destaca Strullu-Derrien. "Além disso, Potteromyces pode fornecer um ponto valioso para datar a evolução de diferentes grupos de fungos, como Ascomycota, o maior filo de fungos."

Ilustração de Rhynie Chert, na atual Escócia, no período Devoniano inicial — Foto: Victor O. Leshyk
Ilustração de Rhynie Chert, na atual Escócia, no período Devoniano inicial — Foto: Victor O. Leshyk

Segundo os novos achados, fungos causadores de doenças, como o Hymenoscyphus fraxineus, cuja doença atualmente devasta árvores nativas do Reino Unido, têm ligações históricas com o fungo Potteromyces.

O primeiro espécime de Potteromyces foi descoberto por Strullu-Derrien em 2015 atacando uma planta antiga chamada Asteroxylon mackiei, que respondeu ao ataque desenvolvendo crescimentos em forma de cúpula.

Imagens de projeção de intensidade máxima de varredura confocal a laser de Potteromyces asteroxylicola — Foto: Christine Strullu-Derrien et.al
Imagens de projeção de intensidade máxima de varredura confocal a laser de Potteromyces asteroxylicola — Foto: Christine Strullu-Derrien et.al

As estruturas reprodutivas do fungo, conhecidas como conidióforos, tinham uma forma e origem incomuns, ao contrário de qualquer coisa vista anteriormente. Porém, para a equipe confirmar que estava diante de uma nova espécie, eles precisavam encontrar outra ocorrência desse ser misterioso.

A confirmação foi alcançada quando um segundo espécime foi encontrado nas coleções dos Museus Nacionais da Escócia, em outra lâmina de espécime do Rhynie Chert. "A nova tecnologia disponível para nós, como a microscopia confocal, nos permitiu desvendar mais segredos dos fósseis armazenados nas coleções de museus, como os do Museu de História Natural", explica a autora principal do estudo.

"Quando comecei a trabalhar no Rhynie Chert, deveria durar apenas dois ou três anos", diz Strullu-Derrien. "Já se passaram 12 anos, e ainda acho que há muito a descobrir deste fabuloso sítio", ela acrescenta.

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