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Por Redação Galileu

Uma análise dos tremores em Marte registrados pela sonda InSight da Nasa, que parou de funcionar em 2022, sugere que o núcleo de ferro líquido marciano é menor do que se pensava. A conclusão faz parte de um estudo publicado em 25 de outubro na revista científica Nature.

A descoberta reforça outro estudo publicado na mesma data, liderado por Henri Samuel, do Instituto de Física da Terra de Paris, que revelou a presença de uma camada de silicato derretido sobre o núcleo metálico de Marte.

Segundo a nova pesquisa, essa camada de silicato líquido (magma) tem cerca de 150 km de espessura, já que o núcleo marciano é mais pequeno e mais denso do que se pensava. "A Terra não tem uma camada de silicato completamente derretida como essa", conta em comunicado Amir Khan, cientista sênior do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich), na Suíça.

Durante quatro anos, a sonda InSight registrou tremores em Marte com seu sismômetro. Os pesquisadores da ETH Zurich coletaram e analisaram os dados transmitidos à Terra para determinar a estrutura interna do planeta vermelho.

As observações mostraram que o raio do núcleo marciano diminuiu notavelmente: acreditava-se que ele tinha de 1.800 a 1.850 km, mas as novas estimativas falam em um tamanho de 1.650 a 1.700 km.

Menos elementos leves

Se o núcleo de Marte for mesmo menor do que o que se estimava, mas tiver a mesma massa, sua densidade é maior. Isso significa que ele contém menos elementos leves, como enxofre, carbono, oxigênio e hidrogênio.

A proporção destes elementos, que acreditava-se ser de 20% em peso, caiu para uma taxa entre 9 e 14%. "A densidade média do núcleo de Marte ainda é um pouco baixa, mas não mais inexplicável no contexto de cenários típicos de formação planetária", conta Paolo Sossi, professor assistente no Departamento de Ciências da Terra da ETH Zurich.

O núcleo de metal líquido de Marte parece ser menor do que sugeriam estudos anteriores — Foto: Claus Lunau/Science Photo Library
O núcleo de metal líquido de Marte parece ser menor do que sugeriam estudos anteriores — Foto: Claus Lunau/Science Photo Library

O fato do núcleo de Marte conter uma quantidade significativa de elementos leves indica ainda que ele deve ter se formado muito cedo, possivelmente quando o Sol ainda estava cercado pelo gás da nebulosa de onde os elementos poderiam ter se acumulado.

Erro inicial

Na nova pesquisa, os cientistas calcularam as propriedades de uma ampla variedade de ligas usando cálculos quântico-mecânicos, que foram realizados no Centro Nacional Suíço de Supercomputação (CSCS) em Lugano.

Porém, ao compararem os dados terrestres com as medições da InSight, eles notaram que cometeram um erro. "Levamos um tempo para perceber que a região que anteriormente havíamos considerado como o núcleo de ferro líquido externo não era o núcleo afinal, mas a parte mais profunda do manto", explica Dongyang Huang, pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Ciências da Terra da ETH Zurich.

Eles acabaram descobrindo que a densidade e a velocidade das ondas sísmicas medidas e calculadas nos primeiros 150 km do núcleo de Marte eram consistentes com as dos silicatos líquidos. Uma análise adicional dos tremores marcianos e simulações de computador adicionais confirmaram esse resultado.

Os cientistas lamentam que os painéis solares empoeirados e a consequente falta de energia tenham impossibilitado que InSight fornecesse mais descobertas. "No entanto, InSight foi uma missão muito bem-sucedida que nos forneceu muitos dados e deslumbres que serão analisados nos próximos anos", diz Khan.

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