Em artigo publicado nesta quarta-feira (13) na revista Astronomy & Astrophysics, pesquisadores relatam a descoberta de diversas moléculas em protoestrelas (estrelas “bebês”) em estágios iniciais. Algumas das substâncias detectadas são componentes importantes para que surjam planetas potencialmente habitáveis.
O estudo foi realizado a partir de dados coletados pelo telescópio espacial James Webb. Os cientistas conseguiram identificar moléculas simples — como metano, ácido fórmico, dióxido de enxofre e formaldeído — e também moléculas orgânicas complexas, incluindo acetaldeído, etanol, metanoato de metila e provavelmente ácido acético.
Entre as moléculas simples, destaca-se o dióxido de enxofre, pois ele teria desempenhado um papel importante nas reações metabólicas que ocorreram na Terra primitiva. Já as moléculas orgânicas complexas, que foram vistas em gelos interestelares, são valiosas porque podem auxiliar a esclarecer processos do Universo que ainda não são bem compreendidos.
![Imagem captada pelo telescópio James Webb mostra uma região de nuvem molecular, com pontos brilhantes que correspondem a estrelas. Ela foi feita em tom de laranja para favorecer a visibilidade — Foto: ESA/Webb, NASA, CSA, W. Rocha et al. (Universidade de Leiden)](https://s2-galileu.glbimg.com/poOP_oMZq-s6kt-HGHyR92PPJYE=/0x0:1280x1991/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2024/u/E/wM7y2kR5OGDK7QTdDBgw/weic2409a.jpg)
“Esse achado contribui para uma das questões de longa data da astroquímica: qual é a origem das moléculas orgânicas complexas no espaço? Elas são feitas na fase de gás ou em gelos?”, comenta, em nota, Will Rocha, astrofísico e astroquímico brasileiro associado à Universidade de Leiden, na Holanda, responsável por liderar o trabalho.
Os pesquisadores sugerem que tais moléculas orgânicas complexas teriam origem na sublimação do gelo (ou seja, na mudança direta de sólido para gás, sem passar pela fase líquida). Essa constatação também pode ajudar a entender a origem de outras moléculas maiores presentes no Universo.
A equipe ainda pretende investigar como as moléculas orgânicas complexas chegam até os planetas. Supõe-se que, em estágios mais tardios da evolução das protoestelas, essas moléculas possam se associar a cometas e asteroides. Assim, seria possível que elas colidissem com planetas em formação e fornecessem ingredientes favoráveis ao surgimento da vida.
Outro aspecto do estudo que chamou atenção dos pesquisadores foi a protoestrela IRAS 2A, que tem uma massa considerada baixa. Acredita-se que ela tenha características em comum com os estágios iniciais do nosso Sistema Solar. Isso significa que as moléculas nela encontradas provavelmente estavam presentes no começo do desenvolvimento do Sistema Solar e na Terra primitiva.