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Por Redação Galileu

Uma equipe internacional de astrônomos descobriu um planeta do tamanho da Terra orbitando uma estrela anã vermelha ultrafria a 55 anos-luz de distância. Chamado de SPECULOOS-3 b, o planeta é o segundo desse tipo encontrado ao redor dessa estrela, de acordo com pesquisa publicada em 15 de maio na Nature Astronomy.

O exoplaneta completa uma órbita em torno da estrela a cada 17 horas e provavelmente está bloqueado pela maré, com o mesmo lado sempre encarando a anã vermelha, que é mais de duas vezes mais fria que o nosso Sol, 10 vezes menos massiva e 100 vezes menos luminosa que ele.

O bloqueio da maré faz os dias e as noites no SPECULOOS-3 b parecem intermináveis, onde o mesmo lado do planeta, chamado de "lado diurno", sempre está virado para a estrela, como a ligação entre a Lua e a Terra.

A descoberta foi feita pelo projeto SPECULOOS (Search for Planets EClipsing ULtra-cOOl Stars), liderado pela Universidade de Liège, na Bélgica, em colaboração com as universidades de Birmingham, Cambridge, Berna e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts. O projeto visa procurar exoplanetas orbitando estrelas anãs ultrafrias usando uma rede de telescópios robóticos ao redor do mundo.

Concenito artístico do planeta que é tão grande quanto a Terra, enquanto sua estrela é um pouco maior que Júpiter, mas muito mais massiva — Foto: NASA/JPL-Caltech
Concenito artístico do planeta que é tão grande quanto a Terra, enquanto sua estrela é um pouco maior que Júpiter, mas muito mais massiva — Foto: NASA/JPL-Caltech

"Projetamos SPECULOOS especificamente para observar estrelas anãs ultrafrias próximas em busca de planetas rochosos que se prestam bem a estudos detalhados", diz Michaël Gillon, astrônomo da Universidade de Liège e autor principal do artigo, em comunicado. "Em 2017, nosso protótipo SPECULOOS, usando o telescópio TRAPPIST, descobriu o famoso sistema TRAPPIST-1 composto por sete planetas do tamanho da Terra, vários deles potencialmente habitáveis. Foi um excelente começo.”

Estrelas anãs ultrafrias são comuns na Via Láctea, representando cerca de 70% das estrelas da galáxia. Apesar de serem fracas e estarem espalhadas pelo céu, elas exigem observações detalhadas para a detecção de planetas em trânsito, o que requer monitoramento individual de cada uma.

Segundo o estudo, o longo período de vida das estrelas ultrafrias anãs poderia oferecer oportunidades para o surgimento de vida em planetas que as orbitam. Os pesquisadores realizaram uma análise automática da maioria dos dados astronômicos e da detecção inicial de candidatos a planetas por algoritmos.

"A descoberta do SPECULOOS-3 mostra que nossa rede global funciona bem e está pronta para detectar ainda mais mundos rochosos orbitando estrelas de massa muito baixa. Embora as estrelas anãs ultrafrias sejam mais frias e menores que o nosso sol, sua vida útil é mais de 100 vezes mais longa — cerca de 100 bilhões de anos — e espera-se que sejam as últimas estrelas ainda brilhando no universo”, conta Amaury Triaud, professor de Exoplanetologia da Universidade de Birmingham.

Embora a maioria das observações sobre a descoberta tenha sido feita pelos telescópios SPECULOOS no Hemisfério Norte, os pesquisadores da Universidade de Birmingham contribuíram com algumas observações feitas no Observatório Sul SPECULOOS, localizado no Deserto do Atacama, no Chile. O próximo passo é realizar observações de acompanhamento com o Telescópio Espacial James Webb (JWST) para estudar a composição da superfície do planeta e sua atmosfera.

"O pequeno tamanho das anãs ultrafrias facilita a detecção de pequenos planetas. O SPECULOOS-3b é especial porque suas propriedades estelares e planetárias o tornam um alvo ideal para o JWST, capaz de obter informações sobre a composição das rochas que compõem sua superfície”, conclui Georgina Dransfield, atual pesquisadora de pós-doutorado em Birmingham.

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