Astrônomos usaram o Telescópio Espacial James Webb para detectar a fusão de dois buracos negros em galáxias distintas, quando o Universo tinha apenas 740 milhões de anos. Esse achado indica um rápido crescimento desses fenômenos no início cósmico, fornecendo deslumbres sobre como eles se tornaram tão massivos.
Essa descoberta, publicada nesta quinta-feira (16) no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, marca a fusão de buracos negros mais distante já registrada e a primeira vez que esse acontecimento foi observado tão cedo na história do Universo.
A presença de buracos negros supermassivos em galáxias distintas sugere que eles tiveram um impacto significativo na evolução cósmica. Entretanto, a pergunta de como eles cresceram e se tornaram tão massivos permanece em grande parte um mistério.
Webb está agora iluminando esse processo, fornecendo novas informações sobre o crescimento de buracos negros nos estágios iniciais do Universo. A fusão dos fenômenos investigados faz parte do sistema galáctico ZS7, conforme mostra o vídeo abaixo:
“As nossas descobertas sugerem que a fusão é uma via importante através da qual os buracos negros podem crescer rapidamente, mesmo no amanhecer cósmico”, afirma a autora principal da pesquisa, Hannah Übler, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, em comunicado. “Juntamente com outras descobertas do Webb sobre buracos negros massivos e ativos no Universo distante, os nossos resultados também mostram que os buracos negros massivos têm moldado a evolução das galáxias desde o início.”
Segundo a cientista, a equipe encontrou pistas de um gás muito denso com movimentos rápidos nas proximidades de um dos buracos negros, bem como "gás quente e altamente ionizado iluminado pela radiação energética geralmente produzida por buracos negros em seus episódios de acreção".
A pesquisadora afirma que a nitidez sem precedentes de Webb permitiu que a equipe separasse os buracos negros para serem estudados.
Esses objetos massivos estão em processo de absorção de matéria e apresentam características específicas que os tornam identificáveis pelos astrônomos. Em galáxias muito distantes, como aquelas estudadas neste trabalho, essas assinaturas não são detectáveis a partir do solo e só podem ser observadas pelo telescópio.
![Uma fusão contínua de duas galáxias e dos seus buracos negros massivos quando o Universo tinha apenas 740 milhões de anos — Foto: ESA/Webb, NASA, CSA, J. Dunlop, D. Magee, PG Pérez-González, H. Übler, R. Maiolino, et. tudo](https://s2-galileu.glbimg.com/t3EFG18rs9YAdWu7sk-oWeh07Wk=/0x0:1280x427/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2024/W/L/8gJioHR8q2dTamfSb1aw/weic2413b.jpg)
Além disso, os astrônomos estimam que um dos buracos negros detectados têm uma massa que é 50 milhões de vezes a massa do Sol. "A massa do outro buraco negro provavelmente é semelhante, embora seja muito mais difícil de medir porque este segundo buraco negro está enterrado em gás denso", explica o membro da equipe Roberto Maiolino, da Universidade de Cambridge e da University College Londres.
A fusão detectada por Webb gerará ondas gravitacionais, detectáveis por futuros observatórios, como o da missão Laser Interferometer Space Antenna (LISA), aprovada recentemente pela Agência Espacial Europeia (ESA), que será o primeiro observatório espacial dedicado ao estudo de ondas gravitacionais.
“Os resultados de Webb dizem-nos que os sistemas mais leves detectáveis pela LISA devem ser muito mais frequentes do que se supunha anteriormente”, comenta a Cientista Chefe do Projeto LISA, Nora Luetzgendorf, da ESA, nos Países Baixos.