Na manhã desta segunda-feira (19), foi firmado o acordo Kunming-Montreal na Conferência da ONU sobre Biodiversidade (COP15) em Montreal, no Canadá. Mais de 200 países acordaram sobre metas globais com o objetivo de proteger e restaurar a natureza, garantindo seu uso sustentável e estimulando uma economia global verde.
A ideia é que, junto do Acordo de Paris de 2015, esse marco possa ser o empurrão para que o mundo atinja um clima neutro, com um saldo de natureza positivo e resiliente até 2050. O Kunming-Montreal irá mobilizar um financiamento de US$ 200 bilhões para a biodiversidade até 2030, garantindo que a natureza continue sustentando sociedades, economias e comunidades nas próximas décadas.
“Este acordo fornece uma boa base para a ação global sobre a biodiversidade, complementando o Acordo de Paris para o Clima”, afirmou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, em comunicado. “A comunidade global agora tem um roteiro para proteger e restaurar a natureza e usá-la de forma sustentável para as gerações atuais e futuras.”
Metas para 2030 e 2050
Entre as ambiciosas metas globais planejadas pelo acordo de biodiversidade Kunming-Montreal está restaurar, conservar e gerenciar 30% dos ecossistemas degradados globalmente, na terra e no mar, até 2030. Também é objetivo do acordo acabar com a extinção de espécies conhecidas e, até 2050, reduzir dez vezes o risco e a taxa de extinção de todas as espécies (incluindo as desconhecidas).
O documento também prevê que os países signatários gerenciem de forma sustentável as áreas de agricultura, aquicultura, pesca e silvicultura e aumentem substancialmente a agroecologia e outras práticas favoráveis à biodiversidade. Isso também envolve enfrentar as mudanças climáticas por meio de soluções baseadas na natureza.
Reduzir a taxa de introdução e estabelecimento de espécies exóticas invasoras em pelo menos 50% também está previsto no texto, além de garantir o uso e comércio seguro, legal e sustentável de espécies selvagens, ambos até 2030.
Para isso, o acordo submete a criação de incentivos para fontes nacionais e internacionais, inclusive de investimento empresarial. As grandes empresas transnacionais e instituições financeiras serão inclusive obrigadas a monitorar, avaliar e divulgar regularmente os riscos, dependências e impactos sobre a biodiversidade e fornecer informações aos consumidores para promover o consumo sustentável.
Próximos passos
Concluídas as negociações do novo acordo, todos os países signatários vão implementar a estrutura por meio de ações nacionais e internacionais. Antes da próxima COP, a ser realizada em 2024, todos os países devem preparar estratégias nacionais de biodiversidade e fornecer planos de ação atualizados.
As próximas COPs vão avaliar se o impacto cumulativo das ações nacionais é suficiente para alcançar os objetivos e metas globais para 2030 e 2050. “O sucesso será medido pelo nosso progresso rápido e consistente na implementação do que concordamos. Todo o sistema das Nações Unidas está vocacionado para apoiar a sua implementação para que possamos verdadeiramente fazer as pazes com a natureza”, disse Inger Andersen, Subsecretária-Geral das Nações Unidas, em comunicado.