Ciência

Por Redação Galileu

Vez ou outra a ciência e o cinema se cruzam de forma inusitada. Normalmente isso ocorre quando algum especialista decide nomear sua descoberta em homenagem a algum ator ou personagem. Já tivemos moléculas batizadas em homenagem ao personagem de Keanu Reeves, John Wick, e agora a bola da vez é a franquia de sucesso mundial O Senhor dos Anéis. O universo que conta com hobbits, elfos e magos, agora dá as boas vindas a um novo gênero de borboletas.

Os insetos foram chamados de Saurona em homenagem ao senhor das trevas Sauron. O nome especial foi divulgado no último domingo (7) em um comunicado do Museu de História Natural de Londres, no Reino Unido. A equipe identificou esse grupo após uma extensa análise e divulgou os resultados na revista Systematic Entomology, em abril.

O Olho de Sauron é um símbolo bem conhecido nos livros e filmes, e foi retratado na tela como um olho laranja ardente observando a paisagem da Terra Média. A homenagem ao vilão ocorre porque o grupo de borboletas possui asas traseiras laranja brilhante e ocelos escuros, manchas que parecem olhos.

Até o momento, Blanca Huertas, curadora sênior de borboletas do museu, identificou duas espécies do novo gênero: Saurona triangula e Saurona aurigera, ambas vivendo no sudoeste da floresta amazônica. “Nomear um gênero não é algo que acontece com muita frequência, e é ainda mais raro conseguir nomear dois ao mesmo tempo. Foi um grande privilégio fazê-lo e agora significa que podemos começar a descrever novas espécies que descobrimos como resultado desta pesquisa”, relata Huertas.

Renomeando espécies

O novo grupo de borboletas faz parte de um subgrupo ainda maior chamado Euptychiina, caracterizado pelo tamanho pequeno e cores amarronzadas. Para as borboletas desse grupo, separar as espécies continua sendo um desafio, dada a semelhança. As características físicas que normalmente são usadas para diferenciar as borboletas, como a coloração e os padrões das asas, geralmente se sobrepõem entre as diferentes espécies.

Todas as borboletas Euptychiina compartilham uma aparência relativamente semelhante, como asas marrons, o que torna difícil para os cientistas distingui-las — Foto: Reprodução/Museu de História Natural de Londres
Todas as borboletas Euptychiina compartilham uma aparência relativamente semelhante, como asas marrons, o que torna difícil para os cientistas distingui-las — Foto: Reprodução/Museu de História Natural de Londres

Avanços no sequenciamento de DNA ajudaram os especialistas a identificar espécies não apenas por sua aparência, mas também por sua genética. Segundo o museu, técnicas como enriquecimento de alvos e sequenciamento de Sanger permitiram que a equipe produzisse grandes quantidades de DNA a partir de amostras que poderiam ser analisadas.

No entanto, Hueras conta que levou aproximadamente 15 anos para estudar toda a Euptychiina. Ela e sua equipe avaliaram mais de 400 espécies diferentes, muitas das quais foram observadas na coleção de borboletas do museu, que tem mais de 5,5 milhões de espécimes.

Outros gêneros também foram descritos. “Fornecemos um resumo da taxonomia, diversidade e história natural de cada grupo, e discutimos as mudanças taxonômicas implícitas nos resultados filogenéticos”, contam os especialistas no estudo.

No total, o estudo forneceu uma lista revisada para Euptychiina contendo 460 espécies descritas válidas, 53 subespécies e 255 sinônimos, incluindo vários novos sinônimos e espécies restabelecidas.

Estudar várias espécies de borboletas é importante para entender os problemas que elas enfrentam, como poluição do ar, mudança climática e perda de habitat. Além da homenagem, o nome inusitado serve também para despertar o interesse e impulsionar os esforços de conservação.

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