Um estudo publicado na quarta-feira (24) no periódico PLOS ONE apresenta uma espécie gigante de salmão (Oncorhynchus rastrosus) que viveu há alguns milhões de anos no noroeste do Oceano Pacífico. O peixe tinha um par de dentes frontais que se projetavam nos lados da boca, como presas de javali.
O estudo foi feito por pesquisadores de instituições como a Faculdade de Medicina Osteopática da Filadélfia, nos Estados Unidos. Estima-se que o salmão tenha sido descrito pela primeira vez na década de 1970 e que tenha atingido até 2,7 metros de comprimento — tornando-o o maior membro da família Salmonidae já descoberto.
Os pesquisadores, inicialmente, já suspeitavam que os dentes frontais da boca do peixe apontavam para trás, como presas. Isso porque a maior parte dos fósseis dentários foram encontrados fora da boca, separados do resto craniano, levando ao nome comum de “salmão dente-de-sabre”.
![Fóssil do salmão analisado pela pesquisa — Foto: Reprodução/Plos One](https://s2-galileu.glbimg.com/WCs3iSShhEUq6hfDw1AmeRvqQCo=/0x0:2100x1433/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2024/z/0/XtsBKNRzakMcp7gC2XAw/journal.pone.0300252.g002.png)
Através da análise de novas tomografias computadorizadas e de vários fósseis do peixe coletados ao longo dos anos, a nova pesquisa confirma que os dentes apontavam para os lados da boca do animal, assim como os de um javali. Com isso, os autores do estudo consideram que o nome comum da espécie deveria ser “salmão com dentes pontiagudos”.
![A) Corte transversal parassagital proximal através do dentário e da pré-maxila hipertrofiada; (B) Corte transversal parassagital distal através da ponta dentária e pré-maxilar; (CF) dentário direito nas vistas (C) anterior, (D) lateral, (E) lingual e (F) dorsal; (G) reconstrução tomográfica da cesta branquial; (H) vista dorsal dos hiais posteroventral; (I) desenho de hiais posteroventral. — Foto: Reprodução/PLOS ONE](https://s2-galileu.glbimg.com/3qLgUiGkBZaMxWtsAlX_q0B6Q-U=/0x0:2100x2074/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2024/w/U/c846SCRAGN56nNxnPCAA/journal.pone.0300252.g006.png)
A equipe ainda não sabe exatamente para qual função esses dentes podem ter sido usados, mas existem algumas hipóteses: eles podem ter servido para lutar contra outros salmões que tinham dentes semelhantes; para se proteger contra predadores ou até mesmo como ferramenta para escavar ninhos.
Por outro lado, os pesquisadores acreditam que provavelmente os dentes não foram utilizados para capturar presas, pois a espécie de salmão Oncorhynchus rastrosus era um filtrador, que se alimentava de plâncton.
“Sabemos há décadas que estes salmões extintos do Oregon Central foram os maiores que já existiram”, diz Kerin Claeson, autora principal e professora de anatomia da Faculdade de Medicina Osteopática da Filadélfia, em comunicado.
Ao que tudo indica, esses peixes não eram "gigantes gentis", conforme a pesquisadora. "Estas pontas enormes na ponta dos seus focinhos teriam sido úteis para se defenderem contra predadores, competirem contra outros salmões e, finalmente, construírem os ninhos onde incubariam os seus ovos”, acrescenta.
Brian Sidlauskas, professor e curador de peixes da Universidade Estadual de Oregon, enfatiza que tanto as fêmeas quanto os machos possuíam dentes enormes, semelhantes a presas. Portanto, "os sexos eram igualmente temíveis", segundo ele.
![A espécie Oncorhynchus rastrosus. — Foto: Reprodução/PLOS ONE](https://s2-galileu.glbimg.com/YoCg8jmnnlmLHsA0q6XwycKGL6k=/0x0:1500x1585/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2024/0/l/1wenLGRda9HOpIloBg7Q/these-giant-prehistori.jpg)