A série “Monstros: Irmãos Menéndez: Assassinos dos Pais”, que estreia no dia 19 de setembro na Netflix, conta a história dos assassinatos de José Menendez, milionário da indústria musical que era vice-presidente executivo da gravadora RCA Records, e sua esposa, Mary Louise Kitty. Eles tinham dois filhos, Lyle e Erik Menéndez, que estão por trás da morte do casal.
A série foi produzida pelos mesmos criadores de “Dahmer: um canibal americano”, que ganhou destaque ao contar a história do serial killer americano Jeffrey Dahmer. Assista ao trailer abaixo.
Regada a privilégios, a família morava em uma mansão de Beverly Hills, em Los Angeles. O filho mais velho do casal, Lyle, chegou a ir para a Universidade de Princeton, mas no primeiro semestre foi suspenso, acusado de plágio. Por outro lado, Erik almejava seguir com a carreira profissional de jogador de tênis — os irmãos tinham acesso ao esporte desde quando eram crianças, e recebiam treinamentos particulares.
O crime
No dia 20 de agosto de 1989, Erik com 18 anos e Lyle com 21, entraram na casa da família, cada um portando uma espingarda de calibre 12. Ambos dispararam contra seus pais, matando-os a queima roupa com mais de 12 tiros.
Após o crime, os irmãos ligaram para a emergência e relataram que ao chegarem em casa, encontraram seus pais mortos. Nos meses seguintes, a polícia começou a desconfiar do envolvimento da dupla com o caso, após notar que Lyle e Erik gastavam excessivamente a fortuna herdada, que segundo o The New York Times era de US$ 14 milhões de dólares.
Erik Menéndez confessou o crime em uma sessão de terapia e, de acordo com o jornal, a justiça demorou para decidir sobre a legalidade do uso das gravações como prova para a condenação dos irmãos. Até que o Tribunal Supremo Estadual de Los Angeles decidiu permitir que os relatos fossem usados para incriminar a dupla.
O julgamento
Em 1993, o julgamento foi iniciado. Os irmãos relataram que o assassinato foi motivado por uma série de abusos emocionais, físicos e sexuais cometidos pelo pai. Além disso, a dupla cogitou não assassinar a mãe, porém alegaram que ela era cúmplice dos casos de violência sexual, e nada fazia sobre isso.
A defesa de Lyle relatou durante o julgamento alguns episódios de abuso que os irmãos teriam sofrido. De acordo com o The New York Times, a advogada afirma que Lyle Menendez sofreu violência sexual pelo pai José Menendez, dos 6 aos 8 anos de idade, e que só parou para começar a molestar Erik Menendez, o que fez dos 6 anos até os 18 — pouco tempo antes dos assassinatos terem acontecido.
A defesa de Erik, Leslie Abramson, também reiterou os casos de abuso e declarou que os irmãos tinham medo de serem assassinados pelos pais. Isso porque, Erik teria confrontado o pai sobre os abusos e José Menendez teria ficado furioso, ameaçando os filhos de morte caso a violência sexual fosse divulgada.
Lansing alega que José Menéndez exigia que os filhos fossem perfeitos e os colocava em situações de humilhação. Como exemplo, citou a vez em que Lyle fez xixi na cama com 14 anos e seu pai colocou os lençóis sujos em cima da mesa durante o café da manhã, expondo o cenário para toda a família.
Em outra situação, Lyle chegou em casa e perguntou sobre seu coelho de estimação e foi direcionado pelo seu pai a encontrar o animal, que estava com a cabeça esmagada no lixo. Por outro lado, a promotoria destacou algumas mentiras que os irmãos disseram à polícia, além dos enormes gastos com produtos caros, como com a compra de três relógios Rolex e a contratação de uma limousine.
Segundo o Los Angeles Times, a testemunha Charles Wadlington, treinador de tênis infantil, alegou que Jose Menéndez era autoritário e fazia seus filhos treinarem o dia todo no final de semana, em feriados como o Natal, nos dias de chuva e quando estavam doentes. O treinador chegou a questionar as atitudes do pai, mas foi demitido em seguida.
A testemunha Meredith Geisler via os treinos de natação e também presenciou situações de humilhação. Ela citou uma em que Jose Menendez corria na lateral da piscina enquanto um dos filhos nadavam, gritando para que o filho fosse mais rápido. No final da corrida, o pai puxava a criança pelo braço para fora da piscina e ordenava mais rapidez.
Nesse primeiro momento, o júri empatou sua decisão e não teve nenhuma condenação. O julgamento foi prolongado, com evidências e testemunhas limitadas. A promotoria descredibilizou os abusos alegados pela defesa por falta de provas, e reafirmou que o crime foi motivado para herdar o patrimônio de US$ 14 milhões. Em 1996, os irmãos foram condenados à prisão perpétua, sem liberdade condicional.
Passado duvidoso
Em 2023, foi lançada pela Apple TV+, a série "Menendez + Menudo: Boys Betrayed", em que um dos ex-integrantes da banda Menudo (que era agenciada pela gravadora de Menendez), Roy Rosselló, revela que foi estuprado pelo patriarca quando tinha 14 anos.
Como destaca o Correio Braziliense, Rosselló ainda alega que, quando tinha 13 anos, foi abusado sexualmente por Edgard Díaz, empresário e produtor do grupo. Ainda, segundo o ex-integrante, mais pessoas foram vítimas do mesmo crime.
No mesmo ano em que a série foi lançada, as advogadas dos irmãos Lyle e Erik, fizeram novas alegações para defender a dupla baseada no documentário sobre a banda Menudo. A defesa reiterou que José Menendez tinha um histórico de abuso sexual com vários jovens.
Na época do crime e do julgamento, os promotores do caso não levaram em consideração as alegações de abuso sexual feita pelos irmãos, colocando a fortuna herdada como o principal motivo dos assassinatos. Com base nas novas evidências e provas, a defesa da dupla pode tentar reverter a pena. Atualmente, Lyle possui 56 anos e Erik, 53.