Arqueólogos encontram 2 mil selos romanos de argila em edifício na Turquia

Impressões que retratam divindades, utilizadas para lacrar documentos antigos, foram encontradas em prédio destruído em um grande incêndio, possivelmente em 253 d.C.

Por Redação Galileu


Duas impressões de selos oficiais da cidade de Doliche Centro de Pesquisa da Ásia Menor

Mais de 2 mil selos feitos de argila foram encontrados durante escavações em Doliche, uma cidade da antiguidade localizada perto de Gaziantepe, no sul da Turquia. A descoberta, que data do Império Romano, foi divulgada em 20 de novembro por arqueólogos do Centro de Pesquisa da Ásia Menor.

Os selos descobertos nos arquivos de Doliche eram usados por autoridades romanas para lacrar documentos feitos de papiro e pergaminho. As impressões consistem em pedaços de argila carimbados com cerca de cinco milímetros a dois centímetros de largura.

Cada selo continha uma impressão de uma divindade ou de um símbolo religioso. "As imagens nos selos oficiais da cidade estão diretamente relacionadas ao município. Geralmente mostram suas divindades mais importantes, como Júpiter Doliqueno, o deus principal da cidade", explica Michael Blömer, um dos líderes da equipe de arqueólogos, em comunicado.

Conforme o pesquisador, "os deuses nos selos fornecem deslumbres sobre o ambiente religioso" das pessoas que vivam em Doliche. "Figuras míticas ou raros retratos privados indicam uma forte influência greco-romana", ele conta.

Vista das escavações no arquivo descoberto da cidade de Doliche — Foto: Centro de Pesquisa da Ásia Menor.

Blömer, que é professor de arqueologia da Universidade de Münster, na Alemanha, também afirmou ao site Live Science que as imagens dos selos podem revelar as "afiliações culturais das pessoas que viviam na cidade".

"Os selos são pequenas fichas de argila. Elas eram dobradas ao redor de cordões que fechavam documentos legais e cartas, e, depois, um carimbo era pressionado na argila para selar os documentos", ele explicou.

Selos de argila do arquivo de Doliche — Foto: Centro de Pesquisa da Ásia Menor

As relíquias estavam dentro das ruínas do antigo edifício do arquivo de Doliche, utilizado entre meados do segundo e terceiro séculos d.C. "Tudo o que resta do edifício do arquivo são as camadas inferiores das fundações, feitas de blocos sólidos de calcário. No entanto, elas revelam uma sequência de salas que formam um complexo de edifícios alongado", descreve Engelbert Winter, que também liderou a escavação.

Embora o tamanho exato do prédio seja imensurável, os pesquisadores estimam que ele apresentava oito metros de largura e 25 metros de comprimento. A largura das paredes também indica que a estrutura tinha vários andares.

A equipe da escavação de Doliche 2023 — Foto: Centro de Pesquisa da Ásia Menor

Tudo o que resta do edifício são as várias paredes de calcário. Os "documentos do arquivo em si foram destruídos em um grande incêndio, possivelmente em 253 d.C., quando o rei persa Šāpūr I destruiu inúmeras cidades na província romana da Síria", conta o Centro de Pesquisa da Ásia Menor.

O centro da cidade, que também incluía uma casa de banhos e um templo monumental, não foi reconstruído após o incêndio. "Não são conhecidos muitos edifícios de arquivo antigos, então esperamos que a escavação do arquivo de Doliche traga novas informações sobre a aparência e organização desse tipo de arquitetura pública", disse Blömer ao Live Science.

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