Hidrogênio achado em rochas lunares pode mudar futuro da exploração da Lua

Amostras das históricas missões Apollo, da Nasa, fornecem indícios de que astronautas poderão coletar água na superfície lunar durante futuras jornadas exploratórias

Por Redação Galileu


Hidrogênio foi detectado em amostras lunares das missões Apollo Nasa

Uma nova análise das rochas lunares trazidas à Terra durante as missões Apollo, da Nasa, revelou de modo inédito a presença de hidrogênio na Lua. A descoberta sugere que astronautas poderiam usar água em futuras bases lunares, dado que a composição química desse líquido é H2O (dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio).

Os achados foram divulgados pelo Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos (NRL) em 21 de novembro. Um artigo a respeito foi disponibilizado pouco antes, no dia 15 deste mês, na revista Communications Earth & Environment.

"Esta é a primeira vez que os cientistas demonstraram a detecção de variedades que contêm hidrogênio dentro de cavidades em amostras lunares", disse Katherine D. Burgess, geóloga na Divisão de Ciência e Tecnologia de Materiais do NRL, em comunicado.

Katherine D. Burgess, geóloga na Divisão de Ciência e Tecnologia de Materiais do NRL — Foto: Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos (NRL)

Burgess conta que anteriormente a mesma equipe usou técnicas de ponta, como microscopia eletrônica de varredura por transmissão e espectroscopia de perda de energia de elétrons, para detectar hélio em amostras lunares. Além disso, outros pesquisadores encontraram água em amostras de outros planetas.

Agora, a identificação de hidrogênio lunar "tem o potencial de ser um recurso que pode ser usado diretamente na superfície lunar quando houver instalações mais regulares ou permanentes lá", considerou a geóloga. "Localizar recursos e entender como coletá-los antes de chegar à Lua será incrivelmente valioso para a exploração espacial", aponta.

Katherine D. Burgess com equipamento utilizado no estudo que detectou hidrogênio em amostras lunares — Foto: Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos (NRL)

Conforme os pesquisadores relatam no estudo, o hidrogênio foi detectado em análises da amostra de solo Apollo 79221, coletada durante a missão Apollo 17, em 1972. Eles acreditam que o elemento veio do vento solar, ficando concentrado como hidrogênio molecular em pequenas cavidades (também chamadas de vesículas na geologia) em minerais, como a apatita.

"A localização das vesículas nas bordas dos sedimentos desgastados pelo espaço oferece uma ligação clara entre o conteúdo dessas cavidades e a irradiação do vento solar, bem como as histórias térmicas individuais dos sedimentos", escrevem os cientistas, acrescentando que o hidrogênio armazenado nas bordas desses grânulos é uma fonte de substâncias voláteis liberadas durante impactos na exosfera da Lua.

A equipe de pesquisa continua estudando amostras da superfície lunar e de asteroides para entender como as superfícies interagem com o ambiente do espaço— uma dinâmica conhecida como intemperismo espacial.

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