Exercícios podem reduzir prejuízos da má qualidade de sono à longevidade

Pesquisa analisou dados de mais de 90 mil pessoas e reforça que alinhar práticas físicas com boas noites de descanso ajudam na prevenção da morte prematura

Por Redação Galileu


A idade média dos participantes da pesquisa era de 62 anos Pexels

Estudo publicado no periódico European Journal of Preventive Cardiology revela que realizar atividades físicas pode neutralizar alguns dos efeitos negativos que estão associados à má qualidade de sono, tanto para quem dorme demais quanto para aqueles que descansam pouco. Entre 2013 e 2015, mais de 90 mil pessoas tiveram as suas rotinas acompanhadas.

Esta foi a primeira pesquisa a examinar os efeitos conjuntos da atividade física e da duração do sono no risco de mortalidade. “O estudo mostrou que o aumento dos níveis de exercícios enfraqueceu os riscos de morte associados à curta ou à longa duração do sono”, afirma o autor Jihui Zhang, em comunicado à imprensa.

Levantamento de dados

Para a realização do levantamento de informações, as 92.221 cobaias — adultos com idades entre 40 e 73 anos — utilizaram, durante uma semana, uma pulseira de acelerômetro. O dispositivo registrava todos os movimentos dos indivíduos, bem como os seus momentos de descanso.

A partir dessa base de dados, a duração do sono por noite foi classificada em curta (menos de seis horas), normal (seis a oito horas) ou longa (mais de oito horas). Já o volume total de atividade física foi dividido por sua intensidade: baixa, intermediária ou alta, seguindo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Como a pesquisa também acompanhava os desdobramentos na mortalidade, os cientistas coletaram ainda os registros de óbitos. O desfecho primário considerava morte por todas as causas e os secundários eram específicos para doenças cardiovasculares e cânceres.

Os responsáveis examinaram como a atividade física influenciou o impacto do sono na mortalidade, primeiro olhando para o volume de atividade e depois para atividade física moderada a vigorosa. As análises foram ajustadas para fatores que poderiam influenciar a relação, incluindo idade, sexo, etnia, privação, nível educacional, estação do sono, índice de massa corporal, dieta, tabagismo, ingestão de álcool e trabalho em turnos.

Resultados

Em relação ao volume de atividade, naqueles com quantidades baixas, o sono curto e longo foram associados a 16% e 37% de riscos aumentados de morte por todas as causas, respectivamente. Por sua vez, em participantes com quantidades intermediárias de exercício, apenas o sono curto foi prejudicial, com 41% de aumento na probabilidade de morte por todas as causas. Naqueles com grande quantidade de exercício, a duração do sono não foi associada ao risco de morte.

Para morte cardiovascular, pessoas que dormem pouco com baixo volume de exercício tiveram um risco elevado de 69%, que desapareceu quando o exercício aumentou para volumes moderados ou altos. Já para a morte por câncer, pessoas que dormem mais e realizam poucos exercícios têm um risco aumentado de 21%, que também desaparece com volumes moderados ou altos de atividade física.

Resultados semelhantes foram encontrados para atividade física moderada a vigorosa. Nos participantes que não atenderam às recomendações da OMS, o sono curto e longo foi associado a 31% e 20% dos riscos aumentados de morte por todas as causas, respectivamente. Esses riscos diminuem gradativamente conforme passam a realizar exercícios.

Para morte cardiovascular, quem dormia pouco e não cumpria o conselho sobre a intensidade do exercício tinha um risco elevado de 52%, que desapareceu naqueles que atingiram as recomendações. Para a morte por câncer, pessoas que dormem muito e não cumprem o conselho tiveram um risco aumentado de 21%, que desapareceu naqueles que seguiram as orientações da OMS.

“Nossas descobertas sugerem que os esforços de promoção da saúde direcionados tanto à atividade física quanto à duração do sono podem ser mais eficazes na prevenção ou retardo da morte prematura em pessoas de meia-idade e idosos. Fazer exercícios suficientes pode compensar parcialmente o impacto prejudicial de perder uma boa noite de sono”, conclui Zhang.

Mais recente Próxima TDAH: respostas para as perguntas mais feitas no Google por brasileiros

Leia mais