Entre o final de fevereiro e o dia 10 de março, 67 casos de botulismo ligados à injeção intragástrica da neurotoxina botulínica (BoNT) foram notificados no continente europeu. Segundo informações do Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (ECDC), 63 quadros derivam de cirurgias sem licença realizadas na Turquia, com a finalidade de emagrecimento.
Com notificações na Alemanha (12), na Áustria (1), na Suíça (1) e, sobretudo, na própria Turquia (53), o órgão indica que diversos pacientes estão apresentando sintomas leves e graves no pós-operatório. Há casos de internações nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para tratamento com antitoxina botulínica.
O botulismo é uma neuropatia grave causada por BoNTs produzidos principalmente pela bactéria Clostridium botulinum. A doença paralisante pode ocorrer de forma natural, por meio da alimentação e infecções, ou pela introdução humana de BoNTs por razões terapêuticas ou estéticas; como foi o caso.
Embora seja considerado raro, pacientes que receberam injeções de BoNT podem desenvolver botulismo se forem injetados com uma dose excessiva da neurotoxina botulínica. Mesmo quando os tratamentos estão disponíveis, a recuperação geralmente leva semanas ou meses.
As investigações realizadas pelas autoridades turcas revelaram que os produtos BoNT administrados nos pacientes não são aprovados para o tratamento de obesidade por injeção intragástrica. Por conta disso, as atividades nos hospitais envolvidos no escândalo foram suspensas.
A sugestão do ECDC é que indivíduos que tenham viajado para Istambul e Izmir para tratamento intragástrico BoNT entre 22 de fevereiro e 1° de março procurem um centro de saúde. A recomendação se intensifica no caso dos indivíduos experienciarem qualquer sintoma de fraqueza ou dificuldade para respirar e engolir.