Saúde

Por Redação Galileu

Em estudo publicado no periódico Headache, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) conseguiram delimitar os perfis das pessoas que ficam mais incapacitadas em razão de casos de dor de cabeça. Com menores investimentos na neurologia, as regiões Nordeste e Norte são as mais afetadas; recortes raciais e econômicos também influenciam na desigualdade do tratamento.

A análise tem como base os dados obtidos pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, a última realizada, que conta com uma amostra de 200 mil pessoas. Nela, foram avaliados o número de dias em que os entrevistados foram incapazes de realizar suas atividades diárias habituais (como trabalhar e estudar) devido à dor de cabeça.

Com isso em mãos, o grupo de cientistas comparou a média de dias perdidos com a estimativa de proporção da dor e as categorias socioeconômicas dos entrevistados. Concluiu-se, então, que a cefaleia interfere mais na rotina de pessoas da região Norte e Nordeste, pardas, com baixo índice de escolaridade e menor renda.

Ao Jornal da USP, um dos autores do estudo, Arão de Oliveira, sintetiza as descobertas. “A pessoa preta perdeu mais dias de trabalho ou estudo do que a pessoa branca. Uma pessoa da região Norte perdeu mais dias do que a da região Sudeste. A pessoa em uma faixa de escolaridade menor também perdeu mais dias do que com a faixa de escolaridade maior. Isso mostra que existe uma desigualdade socioeconômica geográfica no Brasil que impacta a incapacidade por cefaleia”.

Os pesquisadores avaliam que, dentre os principais motivos para a ocorrência dessa desigualdade, estão a falta de um protocolo nacional no atendimento a relatos de dor de cabeça e a defasagem de hospitais e clínicas especializadas. A Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe) estima que 15% da população conviva com enxaqueca e outros 13% com a cefaleia tensional (que está relacionada a ansiedade e estresse).

“No Sudeste, você tem muito mais pessoas com plano de saúde e acesso a centros especializados. Como há menos ambulatórios de neurologia no Norte e no Nordeste, lá a incapacidade por cefaleia tem maior impacto, com a maior prevalência de pessoas com o problema”, destaca Oliveira.

A incapacidade de trabalhar por conta da dor de cabeça também pode causar prejuízos à economia. Outro estudo assinado por Arão de Oliveira estima que R$ 67 milhões são perdidos anualmente de maneira indireta, seja pelas faltas no expediente, seja pela produtividade reduzida.

A projeção ainda aponta que os custos para melhorar o tratamento da dor de cabeça por meio de programas de conscientização e acolhida especializada desses pacientes são bem menores do que as perdas: R$750 mil.

“Estamos falando de uma doença que gera um impacto econômico, além do pessoal. Ambos são subestimados e negligenciados atualmente. Você não vai ter um tratamento ou diagnóstico porque a cefaleia não está no radar das prioridades de saúde do país”, conclui o pesquisador ao Jornal da USP.

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