Vacina quadrivalente de alta dose contra influenza chega ao Brasil

O produto deve ser administrado em dose única e está previsto para chegar às clínicas privadas de vacinação a partir de abril, por aproximadamente R$ 160 (valor determinado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). A vacina tem como público-alvo a população idosa, com mais de 60 anos, cujo organismo é mais suscetível aos sintomas graves da gripe.

Para além dos sintomas tradicionais — tosse, coriza e dor de garganta —, os mais velhos podem apresentar danos sérios no trato respiratório, evoluindo para casos de pneumonia, traqueíte ou bronquiolite. “A infecção por influenza pode gerar uma reação em cadeia de processos inflamatórios que têm potencial de causar quadros clínicos graves, especialmente na população idosa, em que ocorre um processo de enfraquecimento natural do sistema imune”, justifica a infectologista Rosana Richtmann, que participou do evento de apresentação da nova vacina.

Um imunizante de alta dose contra a gripe desenvolvido especificamente para os idosos já existe no exterior. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma fórmula trivalente é aplicada desde 2009. Estudos clínicos mostram que esse imunizante demonstrou uma eficácia relativa de 24,2% quando comparada à vacina de dose padrão na proteção da população mais velha.

Análises históricas também indicam que a solução de dose concentrada evitou complicações graves. Um estudo publicado em 2021 no periódico Vaccine identificou queda de 27% no número de hospitalização por pneumonia e de 18% nas internações por eventos cardiorrespiratórios.

Na elaboração do imunizante quadrivalente, essa imunogenicidade foi replicada e aprimorada. Estudos conduzidos nos laboratórios da Sanofi revelaram que a vacina apresenta uma proteção 24,2% superior a sua antecessora contra o vírus da gripe.

Com 60 microgramas de hemaglutinina (HA), glicoproteína responsável por ligar o vírus ao receptor da célula hospedeira, a vacina com alta concentração contém quatro vezes mais antígenos do que a dose padrão. Essa diferença acarreta uma resposta imunológica mais potente.

A nova vacina age contra quatro cepas: H1N1, H3N2, Influenza B Yamagata e Influenza B Victoria. Segundo Richtmann, isso é importante pois não é possível prever qual variante vai atuar predominantemente a cada ano. “As quatro cepas vão, provavelmente, cocircular. Talvez, em momentos um pouco diferentes, mas vão coexistir. Daí a importância de termos uma vacina que acrescente proteção em relação à vacina que já temos", pontua a médica.