Saúde

Por Gabriela Garcia, com edição de Luiza Monteiro

A obesidade é um problema crescente no Brasil e tem sido associada a uma série de condições de saúde, incluindo doenças cardíacas, diabetes e hipertensão. Cerca de 600 milhões de pessoas no mundo são consideradas obesas, porém os fatores que levam a isso se modificam de acordo com cada país.

O consumo em geral de alimentos calóricos, a insuficiência ou falta atividades físicas e outros hábitos saudáveis são pontos importantes que muitas vezes não são captados quando se olha apenas para o Índice de Massa Corporal (IMC), medida que estabelece os graus de obesidade.

Com o objetivo de identificar esses fatores no contexto brasileiro, um novo estudo avaliou quais hábitos alimentares e de vida estão mais relacionados ao ganho de peso por aqui. Apresentada nesta terça-feira (25), a pesquisa Obesidade e consumo das famílias brasileiras: diagnósticos e implicações para políticas públicas se baseou nas edições de 2013 e 2019 da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), produzida pelo IBGE junto ao Ministério da Saúde, e a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), feita em 2018.

As análises foram conduzidas por um grupo de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas, a partir da Escola de Economia de São Paulo (FGV EESP), por meio da Rede de Pesquisas FGV. “Quando observamos na literatura internacional, não há um fator exclusivo ligado à obesidade, existem índices diretos e indiretos relacionados ao sistema alimentar, como cultura, fatores genéticos e muitas outras questões que também se modificam conforme a especificidade de cada país”, disse Márcio Holland, professor da Escola de Economia (FGV/EESP), durante evento online de divulgação do levantamento.

De acordo com o estudo, no Brasil a obesidade é crescente, passando de 18% em 2013 para 20,1% em 2019 nas estatísticas da PNS. Essa evolução mostra que 6 a cada 10 brasileiros têm sobrepeso ou excesso de peso e 2 a cada 10 são considerados obesos. O índice é maior entre as mulheres: enquanto 22% das brasileiras apresentam obesidade, entre os do sexo masculino são 18%.

Principais fatores

De acordo com Priscilla Tavares, doutora em economia e também professora da FGV, a primeira descoberta na investigação foi que o excesso de peso e a obesidade não estão associados a grandes diferenças nos hábitos alimentares. Na verdade, a relação tem mais a ver com a quantidade e o consumo calórico do que a qualidade nutricional.

Outro ponto observado é que o consumo excessivo de álcool contribui para o sobrepeso e a obesidade. Nesse recorte, a bebida está atrelada a 43,1% de pessoas com sobrepeso e 45,3% de pessoas com obesidade. No caso de indivíduos com peso considerado normal de acordo com o IMC, a relação é de 40,6%.

A falta de prática regular de atividade física também é um dos principais fatores, independentemente do peso. Um dado que contribui com esse achado é o tempo que as pessoas passam na frente da televisão: em média, três horas ou mais por dia.

“Chegamos à conclusão de que todas essas informações sugerem que o que explica o excesso de peso no Brasil são os maus hábitos. Práticas que inclusive vão piorando com a idade”, pontua Tavares. “As maiores prevalências de excesso de peso estão entre pessoas na faixa entre 40 e 59 anos, tanto para homens como para mulheres”, completa.

Por fim, o levantamento investigou a questão da obesidade com a percepção geral do indivíduo sobre seu estado de saúde e a incidência de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e problemas cardíacos. A porcentagem de pessoas que consideram sua saúde muito boa vaio decaindo à medida que o IMC delas aumenta; e a prevalência de doenças crônicas também cresce conforme o IMC sobe.

Como combater?

Segundo os autores, o trabalho evidencia a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para enfrentar esse cenário. "Precisamos olhar para além da ingestão calórica e do gasto calórico. Qualquer tipo de intervenção que pense apenas na ingestão de um produto específico poderia ser muito restrita”, alertou José Maria Arruda de Andrade, doutro em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo (USP).

No estudo, os especialistas apresentam estratégias que poderiam se tornar políticas públicas ou até que já estão em curso, mas que podem ser melhor difundidas. Entre elas, uma melhor rotulagem de alimentos, que recentemente entrou em prática no país.

Aumento de campanhas publicitárias de saúde pública que incentivem hábitos saudáveis também é um caminho. “Muitos países adotaram em parceria com algumas empresas de tecnologia aplicativos gratuitos onde pessoas podem cadastrar seus dados e irem acompanhando a evolução de seu peso”, contou Andrade.

A regulação é outro meio que pode ser bem aproveitado. Isso vale tanto para o Estado estabelecendo o que pode ou não ser vendido quanto os próprios comércios tornarem alimentos saudáveis mais acessíveis.

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