Após três anos intensos mergulhados em uma crise de saúde mundial, milhões de vidas perdidas e a esperança recuperada com a vacinação, a Organização Mundial da Saúde afirmou nesta sexta-feira (5) que a Covid-19 não é mais uma Emergência de Saúde Global. A decisão foi tomada após a décima quinta reunião do Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional e é um grande passo em direção ao fim da pandemia.
Além de ter levado cerca de 6,9 milhões de pessoas ao redor do mundo, a síndrome respiratória paralisou a economia global, devastou comunidades e estruturas sociais que vêm tentando se reerguer desde então. O caminho foi marcado por muitas dificuldades, principalmente em solo nacional onde o governo adotou uma postura negacionista. Ao longo dessa batalha, a colaboração das pessoas e o avanço da ciência contribuíram para um declínio global significativo. Mesmo que o Sars-CoV-2 continue a evoluir, as variantes atualmente circulantes não parecem estar associadas a um aumento de gravidade da doença.
A baixa nas hospitalizações e internações nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) relacionada ao coronavírus, bem como os altos níveis de imunidade da população foram fatores determinantes para a definição dada pelo comitê. Embora reconheçam as incertezas remanescentes da evolução potencial do Sars-CoV-2, eles aconselharam que é hora de fazer a transição para o gerenciamento de longo prazo da pandemia de Covid-19.
Pandemia
De acordo com a OMS, globalmente, foram administradas 13,3 bilhões de doses de vacinas contra a Covid-19. Atualmente, 89% dos profissionais de saúde e 82% dos adultos com mais de 60 anos completaram a série primária (uma ou duas doses iniciais recomendadas pelo calendário vacinal), embora a cobertura nesses grupos prioritários varie em diferentes regiões.
A Covid segue sendo uma pandemia, só não é mais uma questão de emergência de saúde global. O Regulamento Sanitário Internacional criado em 2005 pelos governos apenas permite que os cientistas anunciem o início de uma emergência global ou seu ponto final, ainda não há uma definição para o termo "pandemia" — o processo segue em discussão.
Covid-19 no futuro
Durante a reunião, o Comitê considerou os três critérios para considerar o fim do termo: se a Covid-19 continua a ser um evento extraordinário, se ainda é um risco à saúde pública para outros Estados por meio da disseminação internacional e, por último, se a doença potencialmente requer uma resposta internacional coordenada. Eles reconheceram que, embora o Sars-CoV-2 ainda exista, não é mais um evento incomum ou inesperado.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da organização também anunciou a publicação do Plano Estratégico de Preparação e Resposta à Covid-19 para os anos 2023 a 2025. Esse projeto foi feito para orientar os países na transição para o gerenciamento de longo prazo da doença.
O plano descreve ações importantes a serem consideradas pelos países em cinco áreas: vigilância colaborativa, proteção da comunidade, atendimento seguro e escalável, acesso a contramedidas e coordenação de emergência. A equipe de especialistas também garante que esse novo decreto não afetará o acesso a vacinas e diagnósticos que já receberam prioridade pela Lista de uso de emergência (EUL, sigla em inglês).
Além disso, como a grande maioria dos medicamentos usados para tratar a Covid-19 são reaproveitados já licenciados para outras indicações, o término da Emergência de Saúde Pública de âmbito Internacional (ESPII, sigla em inglês) não deve afetar seu status regulatório. A ideia é fazer uma transição suave que saia da emergência global e seja tratada como um problema de saúde contínuo.
Por fim, a equipe destacou a necessidade de fortalecer os sistemas de saúde, continuar as comunicações de risco ativas e o envolvimento da comunidade, implementar uma abordagem de saúde única para preparação e resposta, bem como integrar as atividades de vigilância e resposta à Covid-19 nos programas de saúde de rotina.