“Este novo método permite pesquisas que se concentram no cérebro independente do corpo, permitindo-nos responder a questões fisiológicas de uma forma que nunca foi feita”, afirma Juan Pascual, professor na University of Texas Southwestern e líder do grupo de pesquisadores que desenvolveu um novo dispositivo capaz de isolar o fluxo sanguíneo para o cérebro, mantendo o órgão vivo e funcionando independente do resto do corpo por várias horas. A novidade foi testada em um modelo de cérebro de porco e o experimento descrito na Scientific Reports.
Porque esse dispositivo importa
O cérebro é o controlador mestre do corpo para uma variedade de processos, regulando a frequência cardíaca, a respiração e os ciclos de sono e vigília, entre outros. Por sua vez, a função do cérebro é afetada por fatores originados no corpo, como açúcar no sangue, pressão arterial e oxigenação. Até agora, segundo o Dr. Pascual, não houve como separar o cérebro do corpo para estudar essas influências.
Isolar o cérebro já permitiu, por exemplo, que o Dr. Pascual e seus colegas entendessem melhor os efeitos da hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue) no cérebro, na ausência de outros fatores. Embora os cientistas possam induzir a hipoglicemia restringindo a ingestão de alimentos em animais de laboratório ou com a administração de insulina, o corpo pode compensar parcialmente qualquer um destes cenários alterando o metabolismo e isto, por sua vez, altera o cérebro. Em contraste, o novo dispositivo permite aos investigadores alterar o conteúdo de glicose diretamente no sangue bombeado para o cérebro.
Influência em outros equipamentos
O dispositivo desenvolvido pela equipe da UT Southwestern, também apresenta uma novidade que poderá ser absorvida por outros equipamentos extracorpóreos já utilizados, como o bypass coração-pulmão, isso porque hoje Os dispositivos de circulação extracorpórea reproduzem algumas funções do coração e dos pulmões fornecendo um fluxo contínuo de sangue oxigenado por todo o corpo. Já o novo dispositivo fornece sangue através de um fluxo pulsante, muito semelhante ao coração humano, uma diferença que pode prevenir efeitos secundários relacionados com o cérebro, por vezes causados pelas máquinas atuais.