Comportamento

Rayssa Leal conquistou a medalha de bronze na prova de Skate Street nas Olimpíadas de Paris 2024, no último domingo (28). Com apenas 16 anos, a brasileira já subiu duas vezes no pódio olímpico, sendo a primeira delas nas Olimpíadas de Tóquio 2020, onde conquistou prata. Durante as provas, foi possível perceber que Rayssa, assim como os outros skatistas, usava fones de ouvido. Na entrevista pós-prova, ela revelou o que estava ouvindo. E a lista incluía, quem diria, Djavan.

"Se eu falar, vocês não vou acreditar. Vou mostrar minha playlist. Como eu estava muito ansiosa, coloquei 'Um Amor Puro', do Djavan. Aí depois 'Mudar Pra Quê?', dos Nonatos. Depois tocou Zezé Di Camargo & Luciano, 'É o Amor', e depois L7", contou a skatista à imprensa na zona de entrevista, com sua medalha no peito.

Ouvir música é uma prática comum não apenas entre skatistas, mas no esporte em geral. Nadadores e corredores, por exemplo, costumam usar fones de ouvido antes de suas competições. Jogadores de futebol e basquete são frequentemente vistos com caixas de som antes de partidas importantes. Mas por que os atletas escutam música durante as provas ou nos treinos?

De acordo com neurocientistas, o ato de ouvir música ajuda na regulação das emoções e na concentração próximo a importantes provas, além de melhorar o controle muscular. “Quando o cérebro está ouvindo música, ele se ilumina como uma árvore de Natal”, disse Costas Karageorghis, autor do livro Aplicando Música em Exercícios e Esportes (no título original em inglês, Applying Music in Exercise and Sport), ao site da rede de televisão PBS. “É um estímulo ideal porque alcança [partes do cérebro] que não podem ser facilmente alcançadas.”

Uma sinfonia cerebral

Em seu livro, o autor, que é chefe do departamento de pesquisa de música no esporte da Brunel University London, no Reino Unido, mostra que a música ativa uma série de importantes áreas cerebrais. O lobo parietal, responsável pela interpretação de informações sensoriais; o lobo occipital, que processa elementos visuais, o lobo temporal, que cuida da percepção auditiva; e o lobo frontal e o cerebelo, que regulam as emoções e a coordenação motora, respectivamente.

Todas essas áreas são cruciais para o rendimento dos atletas, levando Karageorghis a denominar a música como a "droga legal" do esporte. Isso ocorre porque, ao estimular o cérebro de várias formas distintas, a música pode reduzir a percepção de esforço dos esportistas em até 10% e, consequentemente, aumentar seus desempenhos em até 20%, segundo estudos. Ela é uma ferramenta fundamental para regular o humor e filtrar distrações ao estimular a liberação de dopamina e opioides naturais no cérebro — dois compostos químicos que auxiliam no bloqueio da noção de cansaço e fadiga.

Além disso, ouvir músicas com letras que imitam movimentos físicos pode auxiliar na formação de memórias musculares. Assim, o cérebro cria conexões de forma mais eficiente quando uma música acompanha o objetivo físico.

Cada um com seu estilo

Mas será que existe uma música capaz de potencializar esses efeitos? Como destacam pesquisadores da Universidade de Londres, no Reino Unido, cada pessoa possui um gênero musical ideal na hora de se concentrar e estimular seu cérebro.

Músicas familiares para os atletas podem aumentar o controle das emoções em situações de estresse, induzindo pensamentos de confiança: “como já ouvi a música antes, tenho o prazer de antecipar o que vem a seguir”. Como as áreas que regulam o foco e a atenção estão ligadas as que processam emoções, qualquer música que invoque imprevisibilidade, pode causar uma certa instabilidade emocional, o que prejudica a concentração.

Os cientistas alertam que a música não deve ser utilizada como uma maneira de reprimir sentimentos negativos, pois isso apenas faz com que esses pensamentos permaneçam no cérebro, resultando em uma perda da capacidade de se concentrar. Assim, se a música for conhecida e já ajudar na conexão com as emoções, ela também pode contribuir para uma maior clareza mental.

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