Considerado o pai da música barroca, o alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750) é um dos maiores compositores de música clássica que já existiu. Estima-se que o músico assine mais de mil composições autênticas. A partir de imagens dos restos mortais atribuídos a Bach, o designer brasileiro Cicero Moraes se uniu a especialistas para recriar o rosto da figura histórica. O resultado virou um artigo publicado na revista OrtogOnLineMag na quinta-feira (1).
Moraes já realizou outras reconstruções faciais, a exemplo do rosto do faraó egípcio Ramsés II e do escritor Dante Alighieri (1265-1321). Todas essas aproximações foram feitas por meio de técnicas de reconstrução facial forense (RFF), que buscam reconstruir a face a partir do crânio, e são usadas quando há pouca informação disponível para identificar os indivíduos.
As informações do crânio necessárias para a aproximação incluem fotografias em diferentes vistas, medidas lineares e análises antropológicas. O trabalho consistiu em projetar as medidas lineares do crânio. Então, a caixa craniana de um doador virtual foi ajustada às medidas para criar uma imagem 3D. A partir de dados da espessura de tecido mole e da projeção nasal, foi possível traçar o perfil da face.
Ao final do trabalho, a equipe obteve 12 imagens divididas entre objetivas, coloridas e artísticas. Veja alguns dos resultados na galeria a seguir:
Designer brasileiro recria em 3D o rosto de Sebastian Bach, morto no século 18
As imagens objetivas são feitas em preto e branco, pois não foram encontrados dados consistentes a respeito da pigmentação de pele, pelos e cabelo. Nelas, a figura de Bach também está de olhos fechados, uma vez que não se conhece o formato exato deles. Já as imagens artísticas apresentam elementos especulativos, com o retrato da peruca e da roupa.
Vale notar que esta não é a primeira aproximação facial de Bach. Em 1894, foi encontrado um corpo que atendia a todas as características descritas por conhecidos do músico referentes ao local e ao modo com que ele foi enterrado. Assim, o anatomista suíço Wilhelm His (1831-1904) fez projeções do cadáver e as repassou a um escultor, que então fez uma reconstrução do rosto de Bach.
Já no século 21, em 2008, uma nova reconstrução foi feita como encomenda da Casa Bach, um museu alemão dedicado ao compositor. O trabalho consistiu em digitalizar uma réplica do crânio e partir para a reconstrução forense digital, baseada em um quadro de Bach pintado por Elias Gottlob Haussmann em 1746.
A aproximação mais recente, publicada este ano, partiu de análises dos trabalhos anteriores. Os autores reiteram que ainda são necessários estudos mais aprofundados para confirmar que os restos mortais que baseiam os projetos de fato pertencem ao músico.
"Aplicando uma metodologia estabelecida anteriormente, foi possível apresentar novas imagens em um trabalho com licença aberta e que pode motivar estudos e debates, além de evidenciar um pouco da história de Johann Sebasitan Bach e dos supostos restos mortais do compositor", escrevem os autores no artigo.
No YouTube, o designer publicou um vídeo em que usa o software Blender 3D para chegar ao resultado. Assista.