História

Por Tomás Mayer Petersen


Pintura retrata a conquista de Jerusalém pelos cavaleiros cruzados (Foto: Reprodução) — Foto: Galileu
Pintura retrata a conquista de Jerusalém pelos cavaleiros cruzados (Foto: Reprodução) — Foto: Galileu

Entre 1095 e 1291 d.C., uma série de guerras religiosas foram organizadas por cristãos europeus em resposta ao expansionismo militar dos povos muçulmanos que estendiam suas posses por regiões do Oriente e do norte da África. Conhecidas como Cruzadas, as expedições militares tinham o objetivo principal de reconquistar a cidade de Jerusalém (em posse do Califado Ortodoxo desde o século 7) e dominar territórios considerados pagãos. Extraoficialmente, mobilizações em nome do Cristianismo seguiram até o século 16, quando a autoridade papal foi reduzida frente à reforma protestante. Conheça mais sobre esse período histórico a seguir:

Pré-Cruzadas
No ano de sua queda, em 476 d.C., Roma já tinha o Cristianismo como religião oficial. E enquanto a parte ocidental do Império era saqueada e repartida entre os povos bárbaros (nome dado pelos romanos às sociedades que não falavam latim), a parte oriental permanecia intocada em Constantinopla, fazendo florescer o Império Bizantino.

Ao longo dos séculos seguintes, na Idade Média, a desintegração dos territórios romanos na Europa ocidental deu lugar a reinos cristãos, que cresciam e ganhavam influência na região.

Enquanto isso, na Ásia, o Islamismo começava a florescer. A religião fundada pelo profeta Mohammed no século 7 conseguiu reunir numa só causa diversos califados árabes e cresceu conquistando territórios. Ao final do século 11, dois terços do mundo cristão antigo estava sob domínio muçulmano, incluindo Jerusalém.

A Primeira Cruzada
No século 11, os estados da Europa ocidental viviam o auge do sistema feudal, com crescimento populacional e opulência econômica. Foi neste período que ocorreu a Reforma Gregoriana, que concedeu aos papas da Igreja Católica papéis mais ativos na dinâmica política europeia.

Em 1095, o imperador bizantino Aleixo I solicitou ao papa Urbano II ajuda militar. O objetivo era conter o avanço dos Turcos Seljúcidas — muçulmanos —, que haviam conquistado o Oriente Médio e rumavam à Constantinopla. A convocação do papa deu resultados com a formação de tropas compostas por militares e civis de diversos reinos da Europa. A Primeira Cruzada terminou com vitória dos Cristãos, que conseguiram restabelecer domínio em Jerusalém e recuperar para os bizantinos importantes cidades.

Pintura representa batalha entre os cavaleiros cruzados e as tropas muçulmanas (Foto: Wikimedia Commons) — Foto: Galileu
Pintura representa batalha entre os cavaleiros cruzados e as tropas muçulmanas (Foto: Wikimedia Commons) — Foto: Galileu

Cruzadas oficiais
Ao todo, foram promovidas oito Cruzadas oficiais entre 1095 e 1291. Oficiais porque foram promovidas com a anuência da Igreja Católica para combater forças islâmicas. Como de se esperar em conflitos intermitentes que duram séculos, o domínio sobre a Terra Santa e os territórios adjacentes trocou de mãos. A Segunda Cruzada teve vitória muçulmana. A terceira, vitória dos cruzados, mas sem a retomada de Jerusalém. Na quarta, os cruzados pararam no meio do caminho e decidiram saquear Constantinopla, capital do Império Bizantino. Na quinta, os muçulmanos conseguiram assegurar Jerusalém. Os cristãos enfim voltaram à Terra Santa na Sexta Cruzada. Mas antes mesmo da sétima, a Jerusalém sob o domínio católico haveria de cair novamente. Enfim, a Oitava Cruzada terminou com a queda da cidade de Acre (onde hoje é Israel) em 1291, encerrando de vez a presença dos Estados Cruzados no Oriente Médio.

Estados Cruzados
A criação de Estados Cruzados foi a maneira que o Cristianismo teve de marcar presença no Oriente, desde a Grécia até Jerusalém, passando pelos Balcãs e pelo Oriente Médio. Os Estados Cruzados foram estabelecidos desde a Primeira Cruzada, entre eles: o Condado de Edessa (na atual Turquia), o Principado de Atióquia (Turquia e Síria), o Reino de Jerusalém, o Reino do Chipre (que além da ilha, também alcançou uma porção continental da Anatólia, e o Império Latino, resultado do saque de Constantinopla. Durante os dois séculos de Cruzadas, os Estados Cruzados foram verdadeiros pedaços da Europa, culturalmente falando, em terras orientais.

Pintura representa a "Cruzada Popular" (Foto: Reprodução) — Foto: Galileu
Pintura representa a "Cruzada Popular" (Foto: Reprodução) — Foto: Galileu

Cruzadas não-oficiais
Além das oito Cruzadas oficiais, tropas e grupos cristãos se mobilizaram por outras causas além da conquista da Terra Santa. Entre as mais famosas está a "Cruzada Popular", uma iniciativa comandada por um monge francês chamado Pedro, o Eremita. Ele juntou 20 mil camponeses a marcharem em direção à Terra Santa. Eles foram massacrados depois de seis meses de marcha pelos Turcos Seljúcidas.

Outra Cruzada não-oficial, quase lendária, é a Cruzada das Crianças, ocorrida possivelmente em 1212. A narrativa tradicional conta que um grande grupo de crianças de origem germânica marcharam ao sul para a Itália, com o objetivo de chegar a Jerusalém e converter pacificamente os muçulmanos. Entre as versões do final dessa história, uma diz que elas foram enganadas e vendidas como escravas, e outra que elas morreram no meio do caminho. Ações militares em nome da hegemonia cristã continuaram a ser tomadas até o século 16, quando o poder papal foi reduzido pela Reforma Protestante.

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