História

Por Redação Galileu

Se você acompanha o campeonato anual de tênis de Roland Garros, na França, certamente conhece figuras históricas do esporte, como Rafael Nadal, Novak Djokovic e os brasileiros Gustavo Kuerten e Maria Esther Bueno. Mas já se perguntou quem deu o nome ao torneio do Grand Slam?

Sim, foi um homem chamado Roland Garros. Mas, não, ele não era tenista. Garros era aviador. A seguir, saiba mais sobre a história desse herói francês — que foi amigo de ninguém menos que Santos Dumont.

Infância e início na aviação

Garros nasceu em 6 de outubro de 1888, em Saint-Denis, capital da ilha de Réunion, departamento francês no oceano Índico. Após se formar numa escola de negócios em Paris, fundou sua própria empresa, aos 21 anos.

Mas tudo mudou em agosto de 1909. Convidado por um amigo para ir à região de Champagne, assistiu ao seu primeiro show aéreo e se apaixonou pelo que viu. Ao ponto de comprar um avião e aprender sozinho a pilotá-lo. Foi nessa época que conheceu o brasileiro Santos Dumont, que já era conhecido na Europa por seus feitos na aviação.

Atravessando o Mediterrâneo

Em 6 de setembro de 1911, Garros quebrou seu primeiro recorde de altitude, atingindo 3.910 metros, após decolar da praia de Houlgate. Ele participou de uma série de shows e corridas aéreas, surpreendendo os espectadores com sua bravura e inventividade. O francês rapidamente se tornou uma estrela.

Em 6 de setembro de 1911, Garros quebrou seu primeiro recorde de altitude, atingindo 3.910 metros — Foto: San Diego Air and Space Museum Archive
Em 6 de setembro de 1911, Garros quebrou seu primeiro recorde de altitude, atingindo 3.910 metros — Foto: San Diego Air and Space Museum Archive

Roland Garros tinha grandes ambições e queria voar sobre os mares. E assim se propôs um novo desafio: cruzar o Mediterrâneo, algo que nunca havia sido feito até então. Em 23 de setembro de 1913, voou de Saint-Raphael, na Riviera Francesa, para Bizerte, na Tunísia, em seu monoplano Morane-Saulnier.

A jornada levou quase oito horas. Ele partiu às 5h47 – com 200 litros de combustível e 60 litros de óleo de mamona a bordo – e aterrissou na Tunísia às 13h40, depois de voar 780 quilômetros.

Visita ao Brasil

Em 1912, Garros veio ao Brasil. No Rio de Janeiro, ele foi o primeiro aviador a cruzar a baía de Guanabara. Já em terras paulistas, foi pioneiro ao realizar o trajeto Santos-São Paulo de avião.

Primeira metralhadora a bordo

Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, Roland Garros se alistou para representar seu país. Na época, os aviões eram equipados com muito pouco armamento. As habilidades inventivas e pioneiras do francês entraram em ação e ele desenvolveu o primeiro caça monolugar equipado com uma metralhadora a bordo que disparava através da hélice.

No início de abril de 1915, o subtenente Garros conquistou três vitórias consecutivas em 15 dias, mas foi atingido pela defesa antiaérea alemã sobre a Bélgica. Forçado a pousar, ele foi feito prisioneiro antes que tivesse chance de destruir seu avião.

O aviador levou três anos para escapar, disfarçando-se de oficial alemão. Mas sua saúde piorou muito durante o cativeiro. Ele havia se tornado severamente míope e teve que usar óculos em segredo para poder continuar voando.

Morte de Roland Garros

O francês não apenas não desistiu de voar como também de defender seu país. De volta aos campos de batalha, foi morto em 5 de outubro de 1918, na região montanhosa de Ardenas, na França.

Homenagem no tênis

Dez anos após sua morte, em 1928, o estádio de tênis construído para os Mousquetaires defenderem o título da Copa Davis recebeu o nome de Roland Garros. O pedido veio de Emile Lesueur, presidente do Stade Français e ex-colega de Garros na escola de negócios.

“Então, sim, Roland Garros estava apenas vagamente ligado ao mundo do tênis”, reconhece o portal do campeonato. “Mas muito poucos estádios esportivos levam o nome de uma pessoa que mostrou tanta determinação, inteligência e coragem: valores fundamentais para quem espera reinar supremo na Porte d'Auteuil.”

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