Ciência

Por Redação Galileu

Um novo estudo revelou que os primeiros colonos ingleses em Jamestown, na América do Norte, comeram cães indígenas durante um período de fome extrema. Para obterem os resultados, os pesquisadores analisaram ossos de cachorros enterrados entre 1609 e 1617, de acordo com publicação em 22 de maio na American Antiquity.

Durante os tempos de fome, caracterizado por escassez de alimentos, doenças, conflitos com tribos indígenas e condições ambientais adversas, que devastaram Jamestown, acabaram causando a morte de até 90% dos colonos. George Percy, um dos colonos originais, documentou a desesperação da época, mencionando canibalismo e consumo de vermes e animais domésticos.

A solução encontrada foi comer os cães, uma prática comum na Europa em tempos de escassez, embora um tabu hoje. “Este comportamento significou que os ocupantes de Jamestown agiram como outros primeiros colonos espanhóis, ingleses e franceses que consumiam carne de cão em tempos de necessidade”, em trecho do estudo.

A investigação mostrou a existência de uma dinâmica entre os colonizadores europeus e os povos indígenas de Powhatan. Isso aconteceu devido os recém-chegados precisarem fortemente dos nativos para sobreviverem na região.

Mapa composto de marcas de carnificina e impacto em esqueletos de cães — Foto: Ariane E. Thomas et al. American Antiquity
Mapa composto de marcas de carnificina e impacto em esqueletos de cães — Foto: Ariane E. Thomas et al. American Antiquity

A equipe encontrou pelo menos 6 cães na cidade com uma ancestralidade indígena inconfundível, aos quais foram consumidos pelos ingleses, ou seja, ocorreu em algum momento um cruzamento genético entre esses animais das duas origens. Eles apresentaram semelhanças no DNA com os caninos dos períodos Hopewelliano, Mississippiano e do Tardio Woodland do leste da América do Norte.

"Identificar cães indígenas em Jamestown sugere um envolvimento mais complexo entre os britânicos e os povos Powhatan... Essa segunda dinâmica, mais complexa, é mais representativa da história", diz Ariane E. Thomas, a líder do estudo e candidata a Ph.D. na Universidade de Iowa, ao Archaeology News.

A pesquisa revelou que os genes dos cães europeus prevaleceram sobre os dos indígenas. Originalmente, acreditava-se que os colonos buscavam manter a pureza das raças para tarefas específicas. No entanto, a nova investigação indica que cachorros das duas origens estavam cruzando entre si. Isso pode ter ocorrido devido à proximidade entre os colonos e os nativos ou como resultado de relações comerciais entre eles.

“Tal como outras pesquisas arqueológicas que ignoram a natureza multifacetada da presença e persistência indígenas no contexto contínuo do colonialismo, a perda de cães indígenas é uma questão pouco explorada dos impactos coloniais nas Américas”, afirma parte da pesquisa.

Os genes dos cães europeus prevaleceram sobre os dos indígenas. — Foto: Pexels/Nancy Guth
Os genes dos cães europeus prevaleceram sobre os dos indígenas. — Foto: Pexels/Nancy Guth

A análise genética dos cães evidencia a interação social entre colonizadores e comunidades indígenas, mostrando que os cães funcionaram tanto como uma conexão quanto como uma fonte de tensão entre as duas culturas.

"A ancestralidade dos cães de Jamestown fornece insights sobre o manejo europeu e indígena de seus cães. Cães com ancestralidade predominantemente europeia sugerem que britânicos, Powhatan ou ambos os grupos mantiveram seus cães sem interação mútua para manter comportamentos específicos ou fenótipos observáveis importantes para esse grupo”, conclui Thomas.

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