Sociedade

Por Redação Galileu

Nesta quinta-feira (2), a revista Time publicou sua lista de Mulheres do Ano de 2023, que inclui a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. A chefe da pasta é irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, assassinada em 2018 junto ao motorista Anderson Gomes.

Composta por 12 mulheres do mundo todo, a lista homenageia aquelas que “tiveram um impacto significativo em suas respectivas comunidades e áreas, desde ativismo e governo até esportes e artes”, segundo a Time.

A lista completa de mulheres homenageadas conta ainda com as atrizes Cate Blanchett e Angela Bassett; a cantora Phoebe Bridgers; as atletas Ramla Ali e Megan Rapinoe; a empresária Makiko Ono; a roteirista Quinta Brunson; e as ativistas Véronica Cruz Sánchez, Olena Shevchenko, Ayisha Siddiqa e Masih Alinejad.

Carioca nos EUA

Anielle nasceu em 3 de maio de 1984, em uma família de mulheres negras e nordestinas e foi criada na favela da Maré, no Rio de Janeiro. Jogadora de vôlei desde criança, Anielle se tornou jornalista, mestre em relações étnico-raciais (CEFET/RJ), doutoranda em linguística aplicada (UFRJ) e diretora do Instituto Marielle Franco. Hoje, aos 38 anos, também é mãe de duas meninas.

De acordo com o site do Instituto, a ministra, quando tinha apenas 16 anos pôde ir estudar nos Estados Unidos graças a bolsas esportivas. Viveu lá por doze anos, passando por diversas escolas como a Navarro College, em Corsicana, no Texas, Universidade de Tecnologia de Louisiana, Universidade Central da Carolina do Norte e Universidade Florida A&M.

“Sendo essas duas últimas instituições historicamente negras, Anielle foi influenciada desde o início a pensar de maneira antirracista e a se entender mais enquanto mulher negra”, de acordo com a organização sem fins lucrativos.

Anielle Franco na posse como ministra  — Foto: @aniellefranco/Reprodução/Instagram
Anielle Franco na posse como ministra — Foto: @aniellefranco/Reprodução/Instagram

Foi nos Estados Unidos que a carioca conheceu o trabalho de pensadores como Angela Davis, Martin Luther King e Malcolm X. Na época ela também trabalhou num centro de migração norte-americano, vendo de perto o funcionamento do violento sistema penal do país.

“Saí do Brasil vindo de uma escola totalmente branca, na zona sul do Rio de Janeiro, onde era a única aluna negra da sala de aula”, recorda Anielle em entrevista em 2022 ao site Nacla.“Quando consegui uma bolsa para ir para os Estados Unidos, até na Corsicana a faculdade já era muito racializada – tinha muito negro”.

Foi nos EUA que a futura ministra teve sua primeira professora negra. “Foi no Texas. Ela era minha professora de inglês. Jamais a esquecerei, senhorita Colin”, lembra.

Além de bacharel em Jornalismo e Inglês pela Universidade Central de Carolina do Norte, Anielle é bacharel-licenciada em Inglês/Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e ainda mestre em relações étnico-raciais pelo CEFET/RJ.

Anielle na primeira semana do ano de 2023 no gabinete  — Foto: @aniellefranco/Reprodução/Instagram
Anielle na primeira semana do ano de 2023 no gabinete — Foto: @aniellefranco/Reprodução/Instagram

Transformando dor em ação

A atual ministra ingressou na política após a morte de sua irmã, Marielle, que fazia campanha contra a violência policial e a corrupção antes de ser morta. Ela serve como porta-voz da memória e legado da familiar assassinada, que a inspira diariamente.

Anielle é diretora executiva do Instituto Marielle Franco e fellow da Ford Foundation, em Nova York, entidade criada para financiar programas de promoção da democracia, redução do racismo e da pobreza.

Em 2019, a brasileira publicou seu primeiro livro chamado Cartas para Marielle (editora Conexão, 70 páginas), que reúne textos de familiares sobre a experiência de luto por Marielle Franco. Ela também colaborou na autobiografia de Angela Davis, conhecida por sua luta anticapitalista, antirracista e feminista.

Em 2022, Anielle publicou o livro Minha Irmã e Eu (editora Planeta, 208 páginas), um diário que começou a escrever desde o dia do assassinato de Marielle no qual desabafa sobre a saudade e as lembranças da infância e adolescência.

A revista Time destaca que, agora, como chefe do ministério de Igualdade Racial no novo governo do Brasil, Anielle "está canalizando sua dor em ação”.“Perdi o medo quando mataram minha irmã”, diz Franco. “Agora eu luto por algo muito maior do que eu".

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