Tecnologia

Por Gabriela Garcia, com edição de Luiza Monteiro

Em 20 de dezembro de 2022, o Senado aprovou o projeto de lei complementar (PLC) 70/2014, que proíbe o uso de animais em pesquisas e testes para a produção de cosméticos. No último dia 1º de março, houve mais um avanço: o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), colegiado do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), publicou uma resolução que proíbe o uso de animais em pesquisa, desenvolvimento e controle de cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes no país.

Mas, apesar dessas medidas recentes, diversas empresas do ramo de beleza já abandonaram há tempos o uso de cobaias no desenvolvimento de produtos. É o caso da brasileira Natura, que desde 2006 não faz testes em animais. Em vez disso, a indústria aposta em tecnologias de última geração.

No laboratório de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da Natura, em Cajamar, na Grande São Paulo, o método mais recente é uma versão do chamado human-on-a-chip (humano em chip), desenvolvido em parceria com o Laboratório Nacional de Biociências (LnBio), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP).

O método human-on-a-chip já é usado há tempos no ramo de pesquisa, inclusive o de cosmético. Ele consiste em reproduzir órgãos humanos em um chip — pode ser pele, coração e até cérebro. No caso do dispositivo elaborado pela Natura junto ao LNBio, a novidade está no uso de técnicas de microfluídica (ciência que estuda o comportamento dos fluidos).

Os pesquisadores imprimem na impressora 3D fragmentos que simulam tecidos da pele, do fígado e da membrana intestinal. As amostras são aplicadas no chip, que é, então, ligado a uma máquina que injeta a matéria-prima testada. Graças ao sistema de microfluídica, todas as cavidades estão interligadas, e o produto passa pelos diferentes órgãos.

“Funciona como uma hemodiálise, ele passa pelos compartimentos num fluxo unidirecional, simulando a oxigenação do nosso corpo”, explica a bióloga Kelen Fabiola Arroteia, gerente do Núcleo de Avaliação Pré-Clínica da Natura, durante visita ao centro de P&D no último dia 29 de março.

Laboratório utiliza impressora 3D para impressão dos fragmentos de orgãos — Foto: Gabriela Garcia
Laboratório utiliza impressora 3D para impressão dos fragmentos de orgãos — Foto: Gabriela Garcia

Esse processo permite uma melhor análise de toxicidade e segurança dos ingredientes, que na maioria das vezes são extraídos da natureza e ainda não passaram por testes anteriores. “Isso se torna um desafio quando temos que garantir a segurança dessas matérias-primas, pois da mesma maneira que elas precisam ser potentes, elas também precisam ser seguras para o consumidor”, destaca Arroteia

A técnica permite aos cientistas usar concentrações mais precisas de ingredientes, favorecendo a máxima potência e eficácia cosmética. “Terminamos nosso método recentemente, já fizemos a avaliação de algumas matérias-primas e vimos que conseguimos aumentar de três a 10 vezes a concentração que podemos liberar dependendo de cada uma”, compartilha a gerente.

A expectativa é de que o novo sistema ajude a fomentar outras áreas de estudo. “Nosso método permite que você utilize o chip para fazer outras combinações de órgãos e realizar outros tipos de perguntas. As possibilidades são inúmeras”, assegura Kelen Arroteia.

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