Um Só Planeta

Por Redação Galileu

O fungo comedor de madeira Fomes fomentarius tem características estruturais complexas que podem ser utilizadas para criar uma alternativa biodegradável ao plástico. As propriedades mecânicas do ser vivo foram estudadas em uma pesquisa publicada na última quarta-feira (22) na revista Science Advances.

O material sustentável do F. fomentarius pode servir para várias aplicações, inclusive na fabricação de implantes resistentes a impactos, equipamentos esportivos, coletes à prova de balas, exoesqueletos para aeronaves, equipamentos eletrônicos ou revestimentos de superfície para para-brisas.

A descoberta foi realizada por um grupo de cientistas do Centro de Pesquisa Técnica VTT da Finlândia. A pesquisa mostra pela primeira vez as complexas características estruturais, químicas e mecânicas adaptadas ao longo da evolução pelo fungo, que podem ser usadas para produzir materiais robustos e leves.

Orientação preferencial do micélio do fungo no sentido longitudinal aumentou o desempenho mecânico dos materiais — Foto: Robert Pylkkanen et.al
Orientação preferencial do micélio do fungo no sentido longitudinal aumentou o desempenho mecânico dos materiais — Foto: Robert Pylkkanen et.al

O F. fomentarius é inflamável e tem sido usado historicamente para acender faíscas, embora também já tenha sido utilizado na fabricação de roupas e remédios. Composto por filamentos finos conhecidos como hifas, o micélio do fungo forma redes semelhantes a raízes que se espalham pelo solo ou por materiais em decomposição.

Na espécie, essa rede pode ser dividida em três camadas distintas. "A rede de micélio é o componente primário em todas as camadas”, conta Pezhman Mohammadi, cientista sênior envolvido no estudo, em comunicado. “No entanto, em cada camada, o micélio exibe uma microestrutura muito distinta com orientação preferencial única”.

Um olhar mais atento às três regiões principais distintas do corpo de frutificação do fungo  — Foto: Robert Pylkkanen et.al
Um olhar mais atento às três regiões principais distintas do corpo de frutificação do fungo — Foto: Robert Pylkkanen et.al

Ao analisarem a composição do corpo de frutificação de F. fomentarius, por meio de amostras coletadas na Finlândia, que passaram por testes de resistência mecânica e varreduras, os cientistas identificaram as três camadas: uma crosta externa dura e fina envolvendo uma parte espumosa por baixo e pilhas de estruturas tubulares ocas no núcleo.

Segundo os cientistas, os tubos ocos, que compõem a maior parte dos corpos de frutificação, podem resistir a forças maiores do que a camada espumosa. Tudo isso sem sofrer grandes deslocamentos ou deformações.

A equipe conta que partes do fungo eram tão fortes quanto madeira compensada, pinho ou couro. Mas ainda assim, eram bem mais leves do que esses materiais. Os corpos de frutificação protegem ainda contra insetos ou galhos caídos, tem uma textura e gosto não preferidos por animais e ainda suportam os rigores da mudança das estações.

Esse tipo de resistência pode inspirar novos materiais sintéticos. Para Pezhman, cultivar alternativas usando ingredientes simples “pode ajudar a superar o custo, o tempo, a produção em massa e a sustentabilidade de como fabricamos e consumimos materiais no futuro".

"O design arquitetônico e os princípios bioquímicos do fungo Fomes abrem novas possibilidades para a engenharia de materiais, como a fabricação de estruturas técnicas ultraleves, a fabricação de nanocompósitos com propriedades mecânicas aprimoradas ou a exploração de novas rotas de fabricação para a próxima geração de materiais programáveis ​​com funcionalidades de alto desempenho”, ele afirma.

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