Um Só Planeta

Por Redação Galileu

Berço da civilização egípcia, o delta do Rio Nilo está ameaçado por diversos fatores ambientais, como a poluição por metais pesados, a erosão costeira e a intrusão da água do mar. É o que conclui uma pesquisa conduzida por pesquisadores do Egito e dos Estados Unidos, publicada na revista Earth's Future em 7 de março.

Estima-se que 60 milhões de egípcios possam ser impactados pelos prejuízos ao rio, que é a principal fonte de água para irrigação e consumo do Egito. Nos últimos anos, o país tem enfrentado um dos maiores déficits orçamentários de água na África, resultado da reutilização intensiva de recursos hídricos que se estendeu por décadas para compensar a diminuição do abastecimento.

“Hoje, a civilização que prosperou em uma paisagem aquática cênica por mais de 7 mil anos deve enfrentar a realidade dessa degradação ambiental irreversível em grande escala”, afirma, em nota, Essam Heggy, líder do estudo e pesquisador da University of Southern California, nos EUA.

Além disso, o curso d’água também é um importante local para o equilíbrio do ecossistema da região, tanto como habitat de diversos peixes, quanto como parada fundamental para animais em migração, de mamíferos a aves. Todas essas espécies também serão afetadas pela degradação do rio.

Gigante ameaçado

No estudo, foram analisados os tamanhos dos sedimentos do rio e os níveis de poluição de oito metais pesados em amostras coletadas em dois braços do delta do Nilo.

O resultado das análises feitas em laboratório revelou que os sedimentos no fundo do rio estão altamente poluídos por metais pesados ​​como cádmio, níquel, cromo, cobre, chumbo e zinco. Ainda foi possível identificar que os contaminantes são provenientes principalmente da drenagem agrícola não tratada e das águas residuais municipais e industriais.

Segundo os autores, o que pode explicar isso é que, sem o tratamento adequado da água reutilizada, as concentrações de metais pesados ​​aumentam e são permanentemente incorporadas ao leito do rio — ao contrário dos poluentes orgânicos, que se degradam naturalmente com o tempo.

Uma outra hipótese diz que essas concentrações de metais pesados ​​podem ter se acumulado pelo aumento do represamento do Nilo, pois as megabarragens construídas no rio interrompem o fluxo natural de sedimentos do curso d’água. Dessa forma, a capacidade de liberar contaminantes diminui, deixando produtos tóxicos alojados no fundo do rio por mais tempo.

Ainda de acordo com os pesquisadores, grande parte dessa contaminação de metais pesados é irreversível, mas ainda há medidas de conservação baseadas na ciência que podem retardar a degradação ambiental na região e, assim, recuperar o ecossistema do delta do Nilo.

“Nosso estudo ressalta a necessidade de mais pesquisas sobre os impactos ambientais da reciclagem de água não tratada e a mudança na turbidez do rio sob o aumento do represamento do Nilo”, conclui Heggy.

Um Só Planeta — Foto: Um Só Planeta
Um Só Planeta — Foto: Um Só Planeta
Mais recente Próxima Resíduo de cervejarias pode ajudar a combater poluição em biomas aquáticos
Mais de Galileu

O forte ressurgimento no interesse pela exploração lunar reacende o debate a respeito da propriedade do satélite natural. Mas, afinal, de quem é a Lua?

Quem é o dono da Lua? Interesse crescente na exploração do satélite reacende discussão

Comportamento surpreendente nunca havia sido registrado, e demonstra como os insetos podem cuidar da saúde no interior da colônia

Formigas atacam de cirurgiãs e fazem amputações para salvar parceiras feridas

Fazer exercícios físicos moderados ou intensos durante a noite ajudou a regular e melhorar o controle glicêmico. É o que mostrou um estudo feito por pesquisadores dos EUA

Fazer atividade física à noite pode reduzir níveis de açúcar no sangue

Mini impressora em formato de chip foi capaz de produzir objetos planos, e pode ser uma alternativa para projetos 3D simples. Entenda como a técnica funciona

Pesquisadores criam impressora 3D funcional do tamanho de uma moeda

Sítios arqueológicos no Golfo do México correspondem a locais que inundaram com aumento do nível do mar, e guardam vestígios da presença de indígenas norte-americanos

Cientistas começam a investigar mundo perdido submerso da última Era do Gelo

Descoberta em 2021, embarcação é a única se encontra em seu local original, e pode ter sido produzida entre os anos 700 e 900. Mas a atividade agrícola na região acelerou a sua degradação

Antigo barco viking é consumido por fungos e pode desaparecer nos próximos 10 anos

Nova técnica aumentou o controle das próteses por usuários amputados, melhorando a velocidade de caminhada, a capacidade de desviar de obstáculos e de subir em escadas ou rampas

Cientistas do MIT criam perna biônica controlada com a mente; assista

Tanque que recria fluido uterino de tubarões-lanterna de cauda fina foi desenvolvido por pesquisadores japoneses, e pode ajudar na conservação de espécies ameaçadas

Útero artificial feito no Japão cria tubarões bebê por até 355 dias

A máquina de Anticítera, considerada o computador mais antigo do mundo, servia como uma espécie de calendário. Mas um novo estudo argumenta que seu funcionamento era diferente do que se pensava

Computador analógico de 2 mil anos seguia calendário lunar, diz estudo

Livro de Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa, autor de Cabo Frio (RJ) elogiado por Machado de Assis, ganha nova edição pela Editora Sophia. Conheça a história

1º romance brasileiro, “O Filho do Pescador" ganha nova edição 180 anos depois