Um Só Planeta

Por Redação Galileu

Pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, mostraram que a turbidez da água – ou seja, a presença de partículas que não se dissolvem – pode impactar o desenvolvimento dos olhos de uma espécie de peixe africano, o Egyptian mouthbrooder (Pseudocrenilabrus multicolor). A turbidez da água pode resultar da erosão do solo, do despejo de esgoto ou de outras fontes de poluição.

Os resultados foram divulgados nesta segunda-feira (20) em um estudo publicado no periódico Journal of Experimental Biology.

Os pesquisadores dividiram os peixes, colocando metade deles em tanques com água clara e a outra metade em tanques com água turva.

Em seguida, passaram a medir o diâmetro dos olhos peixes jovens e, depois, em sua idade adulta, nos diferentes criadouros. Eles observaram que os mais novos desenvolveram características que lhes permitiam ter estruturas oculares maiores em resposta às águas turvas.

“Quando os peixes eram jovens, eles tinham uma enorme plasticidade e eram capazes de alterar a sua fisiologia para lidar com as condições ambientais turvas”, diz Jai Tiarks, líder do estudo que pesquisa sobre o meio ambiente e recursos naturais na Universidade Estadual de Ohio, em comunicado. “Mas quando olhamos para os peixes mais velhos, eles não tinham a mesma flexibilidade."

Quando um ecossistema é impactado por fatores de estresse ambiental, como a erosão e a poluição, a maioria dos animais têm três opções para lidar com os as novas condições: adaptar-se, migrar para outra localidade ou desaparecer.

“Essa espécie é conhecida por preencher uma enorme diversidade de nichos ecológicos e por serem capazes de se adaptar às mudanças no seu ambiente”, explica o pesquisador. “Isso gerou muito interesse do ponto de vista evolutivo, especialmente pela escala de tempo em que essa adaptação ocorre.”

A pesquisa também sugere uma diferença no padrão de tamanho dos cérebros entre peixes jovens e adultos. Os cientistas esperavam encontrar uma relação onde os peixes criados em águas turvas teriam cérebros maiores do que aqueles criados em águas claras – já que, por terem olhos maiores, a tendência seria de que o cérebro se adaptasse para processar essa informação visual.

Contudo, a partir de imagens digitais de seus sistemas biológicos, foi possível observar que os peixes mais velhos exibiam cérebros maiores em relação ao seu comprimento e massa cerebral, em comparação com os tamanhos dos peixes mais jovens.

O estudo conclui que a idade é um fator importante a se considerar na análise da dimensão da massa cerebral dos peixes, uma vez que eles enfrentam diferentes demandas sensoriais em estágios diversos ao longo de suas vidas.

O porquê dessas mudanças ainda é incerto. Mas a questão de crescer em águas turvas é uma preocupação real para o Egyptian mouthbrooder, que vem enfrentando duras mudanças em seu habitat natural.

O desmatamento figura como uma das principais causas da turvação em rios e lagos. Isso ocorre porque o corte das árvores perturba a estabilidade do solo, o que resulta no acúmulo de sedimentos nos sistemas aquáticos.

“Estamos causando e impulsionando mudanças nos sistemas desses peixes”, disse Tiarks. "Mas agarrar-nos a exemplos de espécies que conseguem realmente lidar com as mudanças que acontecem à sua volta é um bom lembrete de quão poderosa e flexível a natureza é."

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