Carreira & Dinheiro
Publicidade

Por Manuela Prudente


No filme Um Senhor Estagiário, a personagem de Anne Hathaway é dona de uma startup (Foto: Reprodução) — Foto: Glamour
No filme Um Senhor Estagiário, a personagem de Anne Hathaway é dona de uma startup (Foto: Reprodução) — Foto: Glamour

Aos 24, Poliana Ferraz estava no último ano de sua segunda faculdade. Depois de fazer Relações Internacionais, a capixaba se viu terminando Direito. Em ambos os casos, sentiu falta de estágios que (efetivamente) a preparavam para o mercado. Foi assim que surgiu a ideia da Super Estágios, que apresenta candidatos ideias para vagas boas e gera os contratos dentro das empresas.

Poliana Ferraz, empreendedora por trás da Super Estágios (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Poliana Ferraz, empreendedora por trás da Super Estágios (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Poliana criou a marca em 2009 logo após a reformulação da Lei do Estágio, que passou a permitir férias (30 dias de recesso) e carga horária máxima de seis horas por dia. Hoje, com 32 anos, seu negócio tem mais de meio milhão de estudantes inscritos, franquias e faturamento acima de R$ 30 milhões. O sucesso veio com o tempo, mas a estrada foi árdua. Anote as dicas dela para abraçar os seus sonhos e jamais desistir no meio do caminho.

1 – Pesquise a concorrência
O bom empreendedor enxerga uma carência no mercado e “ataca” nesse nicho. Para lançar a Super Estágios, Poliana apurou que existia somente uma empresa que cuidava desse setor e, diferentemente do seu ideal de negócio, era zero hi-tech. “Inovei trazendo a plataforma na web. A outra empresa não tinha nada de tecnológico, o que para mim não fazia sentido.”

2 – Aceite que terão vários desafios no seu caminho
Além de ser considerada “muito nova”, Poliana encontrou outras dificuldades, como o fato de explorar um mercado pouco conhecido na época. Um dos diferenciais da Super Estágios era oferecer cadastramento de currículos de forma gratuita para alunos no sistema virtual da start-up. O ato de não cobrar nada gerou “estranhamento” entre os potenciais clientes. Outro ponto era a preferência da start-up pela assinatura eletrônica dos documentos na hora de fechar os contratos de estágio. “Peguei a transição do papel para o virtual e os clientes sentiam dificuldade em acreditar em algo que não viam no documento impresso”, explicou.

Por fim, Poliana sofreu preconceito por ser mulher em um mundo repleto de empresários e empreendedores masculinos. Ela se lembrou de um episódio em que se reuniu com sete homens para tratar do negócio. “Eu era a única mulher na sala e eles meterem o pau nas críticas, questionando de que forma eu ia desenvolver aquilo. Tive que ir ao banheiro e ligar para a minha mãe pra ela me dar força pra seguir em frente com a reunião.”

3- Seja ousada e se arrisque
O primeiro ano da Super Estágios foi extremamente desafiador, a começar pelo investimento de apenas R$ 1.500. “Aluguei uma sala onde trabalhava eu e a secretaria. Minha mãe me emprestou os móveis”, contou. A meta era conseguir pagar os custos do mês seguinte, pois não tinha como pedir dinheiro para os pais. “É claro que é preciso calcular o risco e o seu potencial, mas você não pode ter medo. Se ficar com medo vai ficar no mesmo lugar.” Apesar dos muitos prejuízos enfrentados ao longo do caminho, a dedicação valeu a pena. “Eu poderia ter caído em uma situação financeira bem complicada, porque em todo negócio existe um risco, mas quando os problemas vinham, eu dava uma segurada e depois alavancava de novo.”

4 – Busque apoio em quem você confia
A estrada do empreendedor é repleta de obstáculos, mas se superados você se torna mais forte do que imagina. Porém, como diz o ditado, ninguém faz nada sozinho. É preciso buscar apoio emocional (e dependendo do caso, financeiro) em quem você confia. No caso da Poliana, sua família.

“No início tive um amigo que foi o meu sócio, mas não deu certo. A minha ex-sogra tentou me dar apoio também. Mas os que realmente me incentivaram foram os meus pais e o meu irmão. Eles fizeram isso por amor. Não acreditavam muito no negócio, mas acreditavam em mim e no meu potencial.”

5 – Trabalhe como nunca trabalhou na vida
Como contamos, Poliana estava no último ano da faculdade. A dedicação ao Super Estágios era em todas as horas que não consistiam em estudos. “Se não madrugar e correr atrás, nada acontecerá. Tem que batalhar, como dizia o meu pai”. Às vezes ela chegava atrasada na aula porque tinha que dar atenção a um cliente. Já o fim de semana deixou de existir. Em seis meses, porém, Poliana viu que o negócio ia dar certo. Em um ano já tinha filiais no Brasil inteiro.

A parte mais desafiadora foi fazer a expansão do negócio sozinha. Com pouca grana no bolso, viajava com muitos desconfortos para abrir as filiais em diferentes estados. “Fiz de tudo: escolher escritório, fazer o processo seletivo de entrevistas, montar equipes e transportar móveis com o Fiat Uno que eu alugava. Em Salvador coloquei até um sofá dentro do carro porque não conhecia ninguém na cidade pra me ajudar a transportá-la.”

6 – Confie em si mesmo
No início é só você com você. Apesar do apoio familiar, Poliana frisou que quem botava a mão na massa era somente ela. Em diversas viagens, preferiu dormir no carro, em motel e se hospedar em albergue para economizar dinheiro. Situações desconfortáveis como essas precisam que o empreendedor tenha uma crença muito forte no seu poder de sucesso. Para isso, é importante ter uma visão muito clara de onde deseja chegar. O que nos leva ao próximo item:

7- Tenha claro o seu propósito
O objetivo da Poliana era e ainda é fazer a diferença na vida das pessoas. Quando ela dava palestra de programa de estágio nas empresas, os estudantes iam agradecê-la pela conversa e diziam que ninguém nunca tinha falado aquilo pra eles. “Você pode fazer a diferença na vida das pessoas por uma palavra. Quando a empresa começou a crescer muito, vi mulheres se aproximando de mim e perguntando como eu fiz pra virar dona do meu próprio negócio. Sempre digo a elas: ‘saia dessa vida morna. Você tem que correr - e correr muito – atrás do dos seus sonhos.’ Gosto muito de incentivá-las.”

8 – Reconheça o seu valor
Em diversos casos, a empreendedora teve que recusar contratos porque os clientes pediam algo em troca, como uma participação no lucro da empresa. “'Me dá um pedaço aqui que você pode entrar', me diziam. Eu não aceitava.”

9 – Construa relações verdadeiras com os clientes
Segundo Poliana, o que torna um cliente fiel é a qualidade do serviço prestado, o tempo que você dedica ao seu negócio e a eficiência na execução do que você promete entregar. Porém, mais importante do que tudo isso é a confiança que ele tem em você. “Recentemente um cliente me disse que iria renovar o contrato com a agência de estágios porque me conhecia e confiava em mim. Eu tinha resolvido um problema operacional envolvendo a marca dele e ele viu que podia contar comigo.”

*Outras iniciativas inovadoras como essas serão debatidas no Wired Festival, que acontece entre os dias 8 e 9 de junho, em São Paulo. Garanta seus ingressos:

Mais recente Próxima Maternidade e carreira: Designer Clau Cicala dá dicas para conciliar
Mais de Glamour