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Por Giovana Romani


Eles vestiram a camisa de Prabal Gurung: da esquerda para a direita, os influenciadores Bryan Boy, Tina Craig, Irene Kim, Aimee Song e Chriselle Lim (Foto: ImaxTree) — Foto: Glamour
Eles vestiram a camisa de Prabal Gurung: da esquerda para a direita, os influenciadores Bryan Boy, Tina Craig, Irene Kim, Aimee Song e Chriselle Lim (Foto: ImaxTree) — Foto: Glamour

Foi uma chuva de glitter, cores e paetês. E também de mensagens positivas, de resistência, pró-mulheres (#NastyWoman) e a favor da diversidade. Tudo em looks impactantes apresentados pelo estilista de origem indiana Ashish durante a semana de moda londrina, que terminou nesta terça-feira, 21.

Deu onda. Não demorou para as imagens com as frases se proliferarem nos feeds fashionistas, em um efeito semelhante ao que ocorreu no fim do ano passado, quando Maria Grazia Chiuri, em sua estreia na direção criativa da Dior, levou para a passarela uma camisetinha branca singela com os dizeres “We Should All Be Feminists”.

A frase da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie veio como um grito com grife. No mundo do caos global pós-Trump, da onda conservadora, das marchas das mulheres, dos refugiados e dos muros, parece que não dá mais para ficar em cima do muro. É preciso tomar um lado, deixá-lo claro nas redes sociais e, se possível, carregá-lo estampado no peito. Como fizeram as influencers americanas que chegaram vestidas para causar ao desfile da marca 3.1 Phillip Lim, em Nova York, na semana passada.

Aimee Song (dona do blog Song of Style, 4.4 milhões de seguidores no Instagram), Irene Kim (modelo meio coreana, meio americana, 850k seguidores) e Bryan Boy (blogger das Filipinas, 600k seguidores), entre outros, cruzaram o corredor de fotógrafos de street style usando camisetas com frases políticas e feministas, apresentadas no dia anterior no desfile de Prabal Gurung.

Um show de brilho e mensagens good vibes no desfile da marca Ashish, na Semana de Moda de Londres (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour
Um show de brilho e mensagens good vibes no desfile da marca Ashish, na Semana de Moda de Londres (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour

Inspirado em Maria Grazia Chiuri, Gurung, designer nascido em Singapura, levou para a passarela uma série de T-shirts com statements como “We’ll Not Be Silenced”, “I’m an Immigrant” e “The Future is Female”. Mensagens poderosas, inspiradoras e muito instagramáveis.

“A moda sempre foi uma forma de expressão, mas agora, com a influência da internet, nos despimos do conceito de rótulos para nos envolvermos no conceito de hashtags”, diz Ana Paula Passarelli, coordenadora do curso Gênero na Publicidade da ESPM. “Enquanto rótulos marcavam um único estilo, as hashtags abrem possibilidades e têm a função de conectar. Ao vestir uma camiseta ‘Feminist’ eu coloco uma hashtag em mim mesma. Quando alguém me vê usando essa camiseta, ele se identifica com a mensagem e criamos uma grande rede.”

A jornalista Giuliana Mesquita vêm costurando uma teia de conexões com as próprias mãos desde que lançou seu projeto Giu Couture, em que borda camisetas com palavras personalizadas, escolhidas por quem as encomenda. “Feminist” é a campeã de pedidos, mas há também status LGBT (“Gay Pride”), afetivos ( “I love you but I’ve chosen darkness”) e fashionistas (“Ou tudo ou Prada”). “Comecei sem pretensão, fazendo uma camiseta de presente para o meu melhor amigo e as pessoas gostaram da ideia. Acho que em tempos tão polarizados e de conservadorismo extremo, elas querem mesmo se expressar de forma literal”, acredita Giuliana.

Na passarela, Prabal Gurung fez um manifesto feminista concordando com Maria Grazia Chiuri, da Dior, e com a escritora Chimamanda Ngozi Adichie (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour
Na passarela, Prabal Gurung fez um manifesto feminista concordando com Maria Grazia Chiuri, da Dior, e com a escritora Chimamanda Ngozi Adichie (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour

Historicamente, camisetas ativistas surfam em ondas de sucesso. Nos anos 80, a estilista inglesa Katharine Hamnett lançou T-shirts com frases pertinentes para a época, a exemplo de “Use Camisinha” e “Educação. Não mísseis”.

E quem lembra quando, no Brasil dos anos 2000, mortais e globais saíram por aí com blusinhas good vibes da Fórum, que traziam as palavras Fé, Respeito, Esperança, Honestidade e Luta? Foi uma febre.

Na última edição da São Paulo Fashion Week, a label Just Kids, das estilistas Karen Fuke e Juliana Jabour, mostrou moletons-desejo com mensagens “pá!”, tipo “A Girl is a Gun” e “Fashion Kills”. “Existe uma provocação e um questionamento do sistema, inclusive da moda, aí”, afirma Karen. Ter opinião (ainda bem) voltou à moda.

“Não dá mais para ter medo de se posicionar, mas quando você topa sair com seu status estampado deve estar aberto ao debate”, diz Giuliana. “Usei minha camiseta ‘feminist’ no Natal da família e passei a noite falando sobre o tema.” Um avanço e tanto, que ainda chega enfeitado com bordados fofos, looks impactantes, glitter, cores e paetês.

Personalizadas, as camisetinhas bordadas da Giu Couture caíram nas graças dos fashionistas (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour
Personalizadas, as camisetinhas bordadas da Giu Couture caíram nas graças dos fashionistas (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour
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