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Cirurgia para enxaqueca: conheça a técnica que promete acabar com as dores de cabeça persistentes
Recém-chegada ao Brasil, cirurgia para enxaqueca pode ser solução para pacientes que não se adaptam à medicação
3 min de leitura![Nova cirurgia surge como opção para quem sofre de enxaqueca (Foto: Getty) Nova cirurgia surge como opção para quem sofre de enxaqueca (Foto: Getty)](http://s2.glbimg.com/Ap4-guHObbz2q-JBmN7-X1YxCpU=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2019/07/05/gettyimages-815638746.jpg)
Nova cirurgia surge como opção para quem sofre de enxaqueca (Foto: Getty)
Se você sofre com enxaquecas, sabe que ela afeta severamente a vida de uma pessoa. As crises podem durar até 72 horas, aparecer mais de 15 dias por mês e incluir sintomas como dor intensa, náuseas, vômitos e sensibilidade a som e luz. A doença, que afeta cerca de 15% da população brasileira, não tem tratamento específico e, com isso, pacientes ficam fadados ao uso de medicamentos como anti-hipertensivos, antidepressivos e antipsicóticos, o que ocasiona efeitos colaterais como sonolência, dificuldade de concentração e problemas mnemônicos. Nesse cenário, a opção de uma cirurgia para acabar com as dores de cabeça surge de maneira revolucionária.
Criada no início dos anos 2000 pelo cirurgião plástico norte-americano Bahman Guyuron, a prática chegou ao Brasil recentemente. O método foi desenvolvido a partir da percepção de que cirurgias estéticas nas regiões frontal e superior da face acabavam tendo como efeito uma diminuição nos sintomas típicos da enxaqueca. Em 2005, Guyuron e sua equipe produziram um estudo com 125 pacientes, dos quais 92% obtiveram êxito com a cirurgia. Destes, 35% consideraram que o quadro foi absolutamente resolvido.
Paolo Rubez, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University, aprendeu detalhes dessa técnica com Guyuron, e é o único profissional a executá-la em São Paulo. Segundo ele, “nos trabalhos científicos sobre a cirurgia de enxaqueca, o sucesso do procedimento é definido como uma melhora de no mínimo 50% na intensidade, duração e frequência das crises.”
O que acontece na cirurgia
Pouco invasiva, ela tem como objetivo descomprimir e liberar os ramos dos nervos envolvidos nos pontos de dor. “Os ramos periféricos desses nervos, responsáveis pela sensibilidade da face, pescoço e couro cabeludo, podem sofrer compressões de estruturas ao seu redor, como músculos, vasos, ossos e fáscias. Isso gera a liberação de substâncias (neurotoxinas) que desencadeiam uma cascata de eventos responsável pela inflamação dos nervos e membranas ao redor do cérebro, que irão causar os sintomas de dor intensa, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz a ao som”, explica o médico, que já tratou mais de 40 pacientes com o procedimento cirúrgico.
São sete tipos de cirurgia, cada um relativa a um ou mais nervos específicos nas regiões frontal, temporal e occipital (nuca). Normalmente, há mais de um foco de dor, e segundo Paolo Rubez, a queixa do local de dor é que determina onde será feito o procedimento. “Em todos esses tipos, o princípio é o mesmo: descomprimir e liberar os ramos do nervo trigêmeo ou occipital, que são irritados pelas estruturas adjacentes ao longo de seu trajeto”.
![São sete tipos de cirurgia para eliminar os sintomas provocados pela enxaqueca (Foto: Getty) São sete tipos de cirurgia para eliminar os sintomas provocados pela enxaqueca (Foto: Getty)](http://s2.glbimg.com/vo3PSTnN7RUL-0Cm4eeC2ZM3bs4=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2019/07/05/gettyimages-157859586.jpg)
São sete tipos de cirurgia para eliminar os sintomas provocados pela enxaqueca (Foto: Getty)
A cirurgia para enxaqueca pode ser feita em qualquer paciente que tenha sido diagnosticado por um neurologista, e que sofra com duas ou mais crises severas de dor por mês que não possam ser controladas por medicações; ou em pacientes que sofram com efeitos colaterais ou com intolerância às medicações para dor. Também é uma opção para aqueles que consideram que as dores trazem prejuízos às suas vidas pessoal e profissional.
Na maioria dos casos, a cirurgia exige anestesia geral. A internação é de apenas um dia e os pacientes podem retornar suas atividades rotineiras entre dez e 15 dias após o procedimento. “O tempo na sala de cirurgia depende de quantos nervos precisam ser tratados: pode demorar 15 minutos ou seis horas”, explica Rubez. Como qualquer cirurgia, há risco de sangramento e infecção, além de uma temporária alteração na sensibilidade da região afetada. Os preços podem variar entre R$5 mil e R$40 mil, a depender da complexidade, mas muitos convênios cobrem o procedimento.