Reação feminina derruba projeto de luvas para menstruação criado por homens

Na Alemanha, a ideia de uma dupla de empreendedores (homens, os dois, e isso fará diferença em instantes) foi parar no centro da discussão sobre como a relação das mulheres com a menstruação é uma forma de auto-afirmação de gênero perante a sociedade. A proposta de Andre Ritterswuerden e Eugen Raimkulow de criar uma luva cor-de-rosa para tornar a troca de absorventes mais discreta e higiênica gerou uma onda de revolta que levou centenas de mulheres às redes sociais. Elas protestaram contra a Pinky Glove que, além de proteger as mãos, iria funcionar como descarte para os absorventes e custaria 11,96 euros (cerca de 80 reais). O valor seria por um pacote com 48 luvas.

Ginecologistas, escritoras e influenciadoras em geral não pouparam críticas à proposta da luva rosa de atribuir ao período menstrual um sentido anti-higiênico. O jornal alemão Deutsch Welle publicou textos afirmando que as luvas fazem mal ao meio ambiente, além de serem sexistas por estigmatizar a menstruação e transformá-la em algo que precisa ser escondido ou disfarçado. Na discussão, foi citado o conceito de “period shaming” (vergonha da menstruação, em tradução literal), bastante discutido como uma forma de segregação das mulheres.

A Pinky Glove ganhou repercussão depois que seus inventores levaram a ideia ao ar em um programa de TV, uma espécie de Shark Tank na versão alemã. Na edição da atração no último dia 12, os investidores gostaram da ideia e escolheram o modelo de negócio para receber financiamento. A dupla recebeu 30 mil euros para desenvolver o projeto.

Após tamanho barulho negativo, os empreendedores acabaram desistindo do projeto. Em uma página criada nas redes sociais para divulgar as luvas, a dupla gravou um vídeo em que afirmou ter que trabalhar alguns “pontos cegos” na concepção do projeto.