Zendaya: 'É revigorante interpretar uma personagem feminina que não precisa ser simpática e não pede desculpas'

Ela ainda tem sua própria história de amor no cinema. Depois de muita discrição com os paparazzi, assumiu publicamente ser um casal com o próprio Homem-Aranha, o ator britânico (e, se julgarmos pelos likes nas redes, seu #1 fã), Tom Holland. Seu estilo impecável no tapete vermelho encontrou muitos imitadores, o mais notável sendo Margot Robbie na turnê de imprensa do filme Barbie do ano passado.

Zendaya e seu estilista, Law Roach, com quem ela trabalha desde os 14 anos, aperfeiçoaram o chamado "método de vestir" (em oposição ao "método de atuação") nos últimos anos, com a estrela em ascensão vestindo criações de estilistas inspiradas no tema de cada filme, começando em 2017 com o famoso vestido borboleta na estreia de The Greatest Showman, até a série Dune: Part Two deste ano (com destaque para o body metálico Mugler) e terminando com o vestido saia tênis do filme Rivais.

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Neste último, os figurinos são assinados por Jonathan Anderson, da casa Loewe, e alguns looks já viralizaram antes mesmo de serem exibidos nos cinemas.

De Los Angeles, a última parada da turnê de promoção do filme que a levou, entre outros lugares, a Roma, Londres e Sydney, Zendaya descreve Rivais como algo completamente indefinível e, portanto, incrivelmente atraente para ela.

"Eu não conseguia determinar que tipo de filme era", declarou dias antes da estreia do filme nos cinemas.

"É engraçado, mas não uma comédia. Tem drama, mas não diria que é puramente dramático. E tem tênis, mas não é um filme esportivo. São várias coisas ao mesmo tempo de uma maneira muito bonita, e isso me intimidou, mas também me comoveu."

Além de protagonista, Zendaya também desempenha o papel de produtora em Rivais.

"Adorei o roteiro, achei maravilhoso", diz sobre o primeiro encontro com o material, enquanto ainda filmava Euphoria. "Mas ao mesmo tempo me deixou ansiosa sobre como iria lidar com isso, porque os personagens são muito complexos."

O tênis profissional é apenas o pano de fundo de Rivais, que acompanha por 13 anos Tasi Duncan, uma grande tenista, e o relacionamento com seu marido (Mike Feist) e seu ex (Josh O’Connor), que se reencontram como rivais em um torneio. Tasi, que foi forçada a abandonar a carreira esportiva devido a uma lesão, se casou, tornou-se mãe e treinadora de seu marido no tênis.

"Senti que nunca havia lido ou visto uma personagem como Tasi antes", diz Zendaya. "Isso me intrigou a ponto de pensar que deveria fazer [este filme], para fazer parte disso de uma maneira criativa e servir à personagem e à nossa fantástico equipe. Quis ajudar a dar vida a isso da melhor maneira que pudesse."

Determinada a ver o marido vencer, Tassi o inscreve em um torneio, mas depois descobre que um amor do seu passado (que também é ex-melhor amigo do marido) está participando do mesmo evento e está igualmente faminto pela vitória. O drama que se segue é moderno, divertido e sexy, equilíbrio garantido pela direção de Luca Guadagnino (Me Chame Pelo Seu Nome, Bones and All).

O diretor italiano estava na lista de futuros colaboradores ideais de Zendaya desde que o conheceu em um jantar da Fendi e a conquistou com sua gentileza. "Ele foi muito doce comigo", lembra a atriz. "Ele me ajudou a encontrar opções vegetarianas no menu porque eu não falava italiano. Eu o adorei naquela época e esperava poder trabalhar com ele."

O próximo encontro deles foi via Zoom. "Percebi que ele entendeu que tipo de filme queríamos fazer", diz Zendaya com entusiasmo. "Ele sabia pequenos detalhes sobre os personagens, estávamos brincando sobre qual loção Tasi colocaria nas mãos antes de dormir. Ele tinha o mesmo instinto para os outros personagens, então foi um 'sim' definitivo para mim."

Zendaya compartilha cenas intensas (mas não românticas, como ela frequentemente apressa-se em esclarecer) com seus dois co-protagonistas, muitas vezes simultaneamente, e o sucesso do filme dependia da química entre eles. Ao contrário de outras produções, nesta foi dedicado muito tempo para construir o relacionamento entre os atores. "Tivemos o privilégio de passar bastante tempo nos ensaios, trabalhar no roteiro e nos conhecer melhor", comenta.

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No entanto, o verdadeiro desafio não eram as muitas interações íntimas entre os três atletas, mas o próprio tênis. Zendaya, que é a primeira a admitir que não é a mais habilidosa tenista nem conhecedora do esporte ("Não sabia nada sobre tênis, só conhecia Serena e Venus Williams"), tem muitas histórias engraçadas dos treinos e filmagens, que ela compara a um acampamento.

"Na tentativa de virar uma tenista e aprender o básico, quase enlouqueci", ela diz rindo.

"No começo, eu mandava a bola para as árvores, nem conseguia acertar dentro da quadra. Percebi rapidamente que tinha um longo caminho pela frente. A menos que você comece aos 4 anos, por exemplo, o tênis não é um esporte fácil de aprender. Um dia você acha que consegue fazer e no dia seguinte não consegue. Um dia, decidi devolver um verdadeiro saque. Naquela época, ainda não tinha feito a cirurgia de correção a laser nos olhos, usava óculos. A bola passou tão rápido ao meu lado que nem a vi. Foi então que percebi que precisava mudar minha técnica."

Com a ajuda de Guadagnino, ela finalmente conseguiu encontrar uma maneira correta e convincente de jogar tênis.

"Eu abordei isso como uma coreografia", continua.

"Tive uma dublê, uma jogadora maravilhosa, e eu quis me sincronizar com ela, entender seus movimentos e hábitos para que o resultado fosse o mais contínuo possível. Queria ser o reflexo dela. Eu gravava esses treinos em vídeo e depois os assistia novamente. Foi assim que aprendi a parecer uma tenista. Percebi que não poderia me tornar uma tenista, mas poderia fingir ser uma."

Seu esforço parece ter valido a pena, já que Rivais recebeu algumas das melhores críticas de toda a a carreira da atriz. A durona, astuta e egoísta Tassi não poderia estar mais longe da imagem pública e da reputação pessoal da tímida Zendaya, que faz deste papel o seu maior desafio até agora.

"É revigorante interpretar uma personagem feminina que não precisa e não deve ser simpática, que não pede desculpas", ela nos diz.

"Quando li o roteiro, esse foi o motivo pelo qual quis interpretá-la. Digo isso antes de cada exibição porque acredito que instintivamente tendemos a julgar as pessoas. É fácil criticar esses personagens, eu entendo. Todos nós fazemos isso. A beleza do filme é que ele faz você mudar de ideia. Pelo menos é o que acontece comigo toda vez que assisto. Eu tinha preconceitos sobre esses personagens e [Mike e Josh] mudaram minha opinião com a forma como os interpretaram."

"A minha opinião sobre os personagens está sempre mudando, aprendo algo novo sobre eles o tempo todo. E isso vai acontecer com você também."

* Esta reportagem foi publicada originalmente em Marie Claire Grécia