Pilates voltou ao hype. A prática física que utiliza o peso e a agilidade do corpo para manter músculos tonificados navega em ondas no universo fitness. Ganhou os holofotes nos anos 1980, foi hit nos anos 2000 e agora retorna, catapultado por celebridades como Margot Robbie, Harry Styles, Hailey Bieber, Lady Gaga, Kendall Jenner e Jennifer Aniston dividindo seus treinos nas redes sociais. Os braços esculpidos de Miley Cyrus no Grammy deste ano, creditados à prática, também animaram muita gente.
Segundo dados do Google Trends, a pesquisa pela palavra “pilates” está em alta. Nos últimos 90 dias, por exemplo, o termo foi mais buscado na plataforma mais do que os enérgicos crossfit ou HIIT (High Intensity Interval Training), o treino intervalado de alta intensidade que virou febre nos últimos anos.
Em 2015, um artigo da New York Magazine argumentou que o pilates não conseguiu se destacar na crescente abertura de estúdios e academias de crossfit, spinning e HIIT e nomeou o momento de “Pilatespocalypse”, o apocalipse do pilates. Naquela época, segundo a publicação, o problema estava no fato de a modalidade ser “muito silenciosa, antissocial e não produzir suor suficiente no treino”.
Mas como a sociedade vive de maneira cíclica, e as trends se alternam de acordo com os humores, a prática venceu o apocalipse. De acordo com um relatório da PureGym (rede de academias que pesquisa o universo fitness no Reino Unido e cria relatórios de tendências), entre 2023 e 2024, os treinos de baixa intensidade aparecem no topo da lista de buscas, sendo que o pilates garantiu três das 20 principais tendências fitness para este ano.
O slow fitness cresce conectado ao desejo por desaceleração. Junto àquelas que estão em diferentes áreas como o quiet quitting, a “desistência silenciosa” no mercado de trabalho. O quiet luxury, “luxo silencioso”, na moda, pela não ostentação de logos das grifes. E o quiet thriving, “prosperar silenciosamente”, na vida pessoal, são alguns exemplos.
Mas claro que cada novo ciclo tem seu apelo próprio. E a versão 2024 do pilates está ancorada no reformer pilates, ou pilates no reformador, na tradução do português. Nesta versão, o pilates é feito em um equipamento que se parece com uma cama que se desliza sobre rodas e é presa a uma das extremidades por um conjunto de molas. A resistência é proporcionada à medida que essa plataforma se move e do nível de dificuldade dos exercícios.
“Por isso, o reformer acaba sendo a menina dos olhos dentro do pilates. Pela possibilidade de variedade de exercícios que você consegue executar nele. Além disso, ele é o aparelho que acolhe melhor a diversidade de corpos e suas necessidades”, explica Karol Camargo, instrutora de pilates e proprietária de um estúdio em São Paulo, que completa: “Em estúdios dos Estados Unidos é comum que, durante a aula, sejam combinados o reformer com bicicleta. Alternando as duas atividades, a pessoa trabalha tonificação dos músculos e perda de peso, caso seja o objetivo”.
“A intensidade máxima de um exercício não é a única forma de treinar”
A especialista atribui este resultado a desmistificação do que é a modalidade. “Existia um mito de que pilates é apenas alongamento ou para relaxar. Mas é uma atividade que traz inúmeros benefícios e para todas as pessoas.” O pilates fortalece o corpo, estabiliza os músculos, melhora a mobilidade e a postura, dá resistência e flexibilidade e alivia dores.
Além dessas vantagens, o pilates nos mostra que é possível se exercitar sem sobrecarregar o corpo. “O pilates faz uma comunhão entre corpo, mente e espírito e o foco central está na respiração. E ela é cura. Os aparelhos da prática têm uma biomecânica adaptável a todos os movimentos do corpo, então, diferente de outras atividades, que visam só estética e o bem-estar físico e mental, a biomecânica do corpo é primordial no pilates”, explica Luana Ainsworth, instrutora com atuação em estúdios de Minas Gerais e Bahia.
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