Saúde

Por Marcella Centofanti, Colaboração Para Marie Claire

Ondas de calor, irritabilidade, sangramentos intensos, insônia, perda de libido, secura vaginal. Esses são alguns sintomas comuns da menopausa, que podem ser amenizados com um tratamento estabelecido pela ciência: a terapia de reposição hormonal. Por que, no entanto, muitos ginecologistas resistem em oferecer esse recurso para suas pacientes? Em uma extensa reportagem do The New York Times, publicada neste mês, a jornalista Susan Dominus investiga os motivos.

Os sintomas da menopausa geralmente começam a aparecer no final dos 40 anos, fase que antecede a última menstruação da mulher, quando o ciclo reprodutivo chega ao fim. A transição dura, em média, quatro anos, período em que o sangramento pode ser muito mais pesado ou mais leve do que o normal. O estrogênio, hormônio produzido pelos ovários, tende a diminuir, elevando o risco de depressão, perda óssea e ganho de peso.

Pelos relatos de suas amigas na faixa dos 50 anos, Dominus percebeu que os ginecologistas não oferecem terapia de reposição hormonal quando ouvem queixas de sintomas da menopausa. Ela questiona: será que a postura seria a mesma se os pacientes fossem homens?

De acordo com a apuração da jornalista, o tratamento comprovadamente alivia as ondas de calor e a interrupção do sono e, possivelmente, a depressão e as dores nas articulações. Diminui o risco de diabetes e protege contra a osteoporose. Também ajuda a prevenir e tratar a síndrome geniturinária da menopausa, uma condição que afeta quase metade das mulheres na pós-menopausa e causa incômodos como infecções urinárias e dor durante o sexo.

O polêmico (e equivocado) estudo de 2002

A terapia de reposição hormonal já foi o tratamento mais comumente prescrito nos Estados Unidos. No fim da década de 1990, cerca de 15 milhões de mulheres recebiam, anualmente, uma receita com essa finalidade. Em 2002, porém, um único estudo, feito de maneira imprecisa, encontrou ligações entre a terapia hormonal e os riscos elevados para a saúde de mulheres de todas as idades. O pânico se instalou e, em um ano, o número de prescrições despencou.

A terapia hormonal certamente traz riscos à saúde, mas dezenas de pesquisas nos últimos 20 anos forneceram elementos de que, para mulheres saudáveis ​​com menos de 60 anos, com ondas de calor incômodas, os benefícios de tomar hormônios superam os riscos.

Cerca de 85% das mulheres apresentam sintomas da menopausa, informa a jornalista. Para Rebecca Thurston, professora de psiquiatria da Universidade de Pittsburgh que estuda o tema, a falta de cuidado com as pacientes nessa fase da vida é um dos grandes pontos cegos da medicina. “Isso sugere que temos uma alta tolerância cultural para o sofrimento das mulheres”, disse Thurston à reportagem.

Dominus aponta que, desde que os tratamentos hormonais surgiram, as perspectivas feministas sobre eles variam. Para algumas pessoas, trata-se de uma forma de as mulheres controlarem seus próprios corpos. Outros ativistas os viam como um produto supérfluo projetado para manter as mulheres sexualmente disponíveis e convencionalmente atraentes. O maior problema, no entanto, está na segurança do tratamento.

Até os anos 1990, a maioria dos médicos prescrevia a terapia hormonal por acreditar que ela protegia a saúde cardíaca das pacientes na menopausa. No entanto, as pesquisas que embasaram essa crença vinham de estudos observacionais, isto é, sem separar indivíduos aleatoriamente para remédio ou placebo.

Então, em 1991, o National Institutes of Health, um dos principais polos de pesquisa em saúde do mundo, iniciou um ensaio clínico randomizado com 160 mil pessoas na pós-menopausa. O objetivo era saber se a terapia hormonal protegia o sexo feminino contra doenças cardiovasculares.

A reportagem do The New York Times recorda que o estudo foi interrompido em 2002. Em uma coletiva de imprensa, o epidemiologista Jaques Rossouw, diretor interino do comitê diretivo da Women's Health Initiative, afirmou que o estudo havia encontrado efeitos adversos e benefícios da terapia hormonal, mas que “os efeitos adversos superam os benefícios”.

De acordo com Rossouw, a pesquisa constatou que a terapia hormonal acarretava um risco pequeno, mas estatisticamente significativo, de eventos cardíacos, derrames e coágulos, assim como maior probabilidade de desenvolver câncer de mama. O cientista descreveu o aumento do risco de câncer de mama como “muito pequeno” ou, mais precisamente, "menos de um décimo de 1 por cento ao ano" para uma mulher.

“O que aconteceu a seguir foi um exercício de má comunicação que teria profundas repercussões nas próximas décadas. Nas semanas seguintes, pesquisadores e âncoras de notícias apresentaram os dados de uma forma que causou pânico”, escreve Dominus.

“Todas essas estatísticas eram precisas, mas difíceis de interpretar para um público leigo, soando inevitavelmente mais alarmantes do que o apropriado. O aumento do risco de câncer de mama, por exemplo, também pode ser apresentado desta forma: o risco de uma mulher ter a doença entre 50 e 60 anos é de cerca de 2,33%. Com uma elevação de 26%, a probabilidade sobe para 2,94%. (Fumar, por outro lado, eleva o risco de câncer em 2.600%.)”, informa a reportagem.

A maneira como o estudo foi desenhado viria a ser considerado falha. Os pesquisadores queriam medir quantas voluntárias desenvolveram doenças como derrames, infarto e câncer. Porém, essas condições podem não aparecer até que as mulheres tenham 70 ou 80 anos.

Como o estudo estava programado para durar oito anos e meio, os cientistas escolheram participantes com 60 anos ou mais. Essa decisão deixou de fora pessoas na faixa dos 50 anos, que tendiam a ser mais saudáveis ​​e a apresentar mais sintomas da menopausa.

Na coletiva de imprensa, Rossouw afirmou, incorretamente, que o estudo não havia encontrado nenhuma diferença no risco por idade. Em seis meses, informa o The New York Times, os pedidos para terapia hormonal nos seguros de saúde caíram 30% e, em 2009, mais de 70%.

Para quem a terapia hormonal é recomendada

Dominus aponta que relatórios positivos sobre a terapia hormonal para mulheres na faixa dos 50 anos começaram a surgir em 2003 e nunca diminuíram. As descobertas, no entanto, tiveram menos exposição do que a entrevista coletiva de 2002.

De acordo com a jornalista, estudos das duas últimas décadas revelaram que a terapia hormonal é recomendada para quem entrou na menopausa precocemente, antes dos 45 anos. Sem o remédio, elas têm risco elevado de desenvolver osteoporose.

Para mulheres saudáveis ​​na faixa dos 50 anos, eventos como acidente vascular cerebral são raros e, portanto, os riscos aumentados do tratamento também são baixos.

As diretrizes da Sociedade Norte-Americana de Menopausa (NAMS) enfatizam que os médicos devem recomendar a terapia hormonal com base no histórico de saúde e nos fatores de risco de cada paciente. De acordo com a entidade, os benefícios do tratamento superam os riscos para mulheres com menos de 60 anos que sofrem de ondas de calor "incômodas" e sem contra-indicações.

Em entrevista ao The New York Times, Stephanie Faubion, diretora médica da NAMS, afirmou que “há poucas mulheres com contra-indicações absolutas” para o tratamento. O maior risco são aquelas que já tiveram um ataque cardíaco, câncer de mama ou um derrame ou um coágulo sanguíneo, assim como pacientes com um conjunto de problemas de saúde significativos.

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