O único filme que Leonardo DiCaprio realmente se arrepende de ter se negado a fazer: 'Precisei rodar 'Titanic' no lugar'

Nesse ponto da história, todo mundo sabe que 1997 marcou o ano em que DiCaprio verdadeiramente estourou no mundo do cinema ao estrelar o clássico épico de James Cameron, 'Titanic'.

Mas não foi fácil para que Leo aceitasse o posto de Jack Dawson, o desenhista americano de vida boêmia; não quando seu concorrente era Dirk Diggler -- ou melhor, Eddie Adams, o ex-lavador de pratos que virou sensação dos filmes pornôs no cultuado de Paul Thomas Anderson, 'Boogie Nights: Prazer Sem Limites'.

Foi uma escolha deveras difícil, mas anos mais tarde, você sabe bem que 'Titanic' foi a melhor delas. Isso não isentou Leonardo de sofrer uma pontada de dor no coração ao não ter estrelado o filme sobre a ascensão e queda de uma estrela de filmes adultos.

Em 2008, em entrevista para um popular veículo internacional, o ator de 'Romeu + Julieta' declarou sobre o caso: "'Boogie Nights' é um filme que eu amo, e queria muito ter feito". Quando questionado se trocaria ter feito 'Titanic' para fazer o filme de PTA, o astro rebate: "Eu não estou falando que faria isso. Mas seria um caminho diferente, de carreira. Ambos são ótimos e eu queria muito poder ter feito ambos", deixou claro.

Ele conclui prestando seus agradecimentos ao filme que lhe fez estourar na indústria. "A verdade é que se eu não tivesse feito 'Titanic', eu não poderia fazer todo tipo de filme ou ter a carreira que eu tenho hoje, isso é claro". Entretanto, ele não deixa de citar: "Mas é interessante pensar no que poderia ter acontecido se eu tivesse seguido uma direção diferente".

Ainda que o filme de James Cameron seja o mais lembrado quando o ano de 1997 é mencionado, o de Paul Thomas Anderson não fica atrás quando o assunto é qualidade.

Contando com um elenco de tirar o fôlego de qualquer aficionado por talento nato, o filme reuniu, além do ex-rapper Marky Mark (que adotou o nome de berço, Mark Wahlberg, para se tornar mais sério), Julianne Moore, Burt Reynolds -- que venceu o Globo de Ouro por sua atuação do diretor de produções pornográficas, Jack Horner --, Philip Seymour Hoffman, John C. Reilly e Heather Graham, em uma das narrativas mais divertidas já colocadas em cena.

A história toda se passa na década de 1970, e começa quando o jovenzinho Eddie Adams ainda é um simples lavador de pratos e garçom de um restaurante qualquer. Quando Eddie faz amizade com o grupo de Jack Horner, diretor de filmes adultos, sua vida literalmente vira de cabeça para baixo -- uma vez que Horner vê talento no moço, após assisti-lo em um momento íntimo com uma de suas atrizes.

Não demora para que o astro ascenda na cena pornô e se torne o maior dentre todos seus concorrentes, sob o nome artístico de Dirk Diggler. Entre entrevistas para revistas renomadas, premiações pela eficiência em cena, inventividades artísticas nas produções, festas regadas à bebidas e drogas e ainda muito dinheiro gasto, não demora para que o sonho vire pesadelo.

Eddie (ou Dirk) é quem guia o espectador para dentro de um mundo muito atrativo e até nostálgico, para quem viveu a década de 1970. O drama e a comédia se misturam em uma trama absolutamente impossível de não agradar.

Então dá para imaginar o quão difícil foi para que Leonardo DiCaprio resolvesse dizer "não" para o projeto.

Dois anos depois da entrevista, o astro de 'A Origem' admitiu, com todas as palavras, para outro veículo que, sim, havia sim arrependimento em não ter participado do longa-metragem de Anderson. "O meu maior arrependimento é 'Boogie Nights'. Eu sou um grande fã do Paul Thomas Anderson, mas a primeira vez quando eu o encontrei para [conversar sobre] o papel, eu não tinha assistido muita coisa que ele tinha feito. Agora eu amo aquele filme".

O "não" de Leo não foi de todo ruim. Ao que se sabe, o astro teria resolvido presentear seu colega de um trabalho do passado, 'Diário de Um Adolescente', com o papel rejeitado. Foi assim que Mark Wahlberg teria alcançado a seriedade dos críticos àquela época.

Paul Thomas Anderson, por sua vez, também fez declarações recentes sobre o episódio, e confirmou o acontecido. Em 2022, o cineasta disse ao podcast Smartless: "É verdadeiro que eu pedi ao Leo que estivesse em 'Boogie Nights'. E ele passou muitos e muitos meses agoniando e debatendo sobre o assunto. Depois, eu percebi, no meio do processo de escolha, que ele tinha uma decisão a tomar: ou fazia 'Titanic' ou fazia 'Boogie Nights'. E ele escolheu fazer 'Titanic'".

Mesmo concordando que a escolha de DiCaprio foi a melhor para a carreira dele, Anderson não deixa de brincar sobre: "Eu penso que possivelmente -- e hoje nós [Leo e Paul] rimos disso -- ele se arrepende de ter perdido a experiência e feito o filme".

Pelo sim, pelo não, DiCaprio teria se saído bem -- e ainda continuaria sendo um nome de destaque de sua geração, se tivesse escolhido fazer a comédia de Paul Thomas. Ainda assim, é fato que o romance com Kate Winslet a bordo do maior navio da história (até 1912), em qualquer realidade que fosse, sempre seria a melhor escolha para ele.

No fim, todo mundo saiu bem: DiCaprio tem carreira feita, seu filme foi bom, Mark Wahlberg igualmente e o filme que fez parte virou um clássico. Ainda, os dois astros viriam a colaborar novamente anos mais tarde, no único vencedor do Oscar de Melhor Filme da carreira de Martin Scorsese, 'Os Infiltrados'.

Leonardo DiCaprio e Paul Thomas Anderson não cortaram relações, de qualquer forma. Depois de duas tentativas falhas de uma colaboração (a primeira em 'Boogie Nights' e a segunda em 'Licorice Pizza'), os dois talentos estarão juntos no próximo longa do diretor, que ainda não tem título definido.

Relembre o trailer de 'Boogie Nights - Prazer Sem Limites' e 'Titanic', filmes de 1997 que marcaram o maior dilema da carreira de Leonardo DiCaprio.