O setor de franquias brasileiro cresceu 19,1% no primeiro trimestre de 2024 na comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo um faturamento de R$ 60,5 bilhões. No acumulado de 12 meses, o avanço foi de 14,3% — somando receitas de R$ 250,3 bilhões. Os dados são da Pesquisa Trimestral de Desempenho, da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Todos os 12 segmentos mapeados apresentaram crescimento no período, com destaque para Alimentação – Comércio e Distribuição, que teve 43,9% de evolução. “Redes de chocolate relataram um grande resultado na Páscoa, agregando ao desempenho do primeiro trimestre um faturamento significativo. Mais marcas atuando e uma forte demanda no nicho de sorveterias e açaís, por conta das ondas de calor, também alavancaram o setor como um todo neste trimestre”, analisa Tom Moreira Leite, presidente da ABF.
As maiores redes de venda de chocolates finos do Brasil, Cacau Show, Kopenhagen e Brasil Cacau — as duas últimas pertencentes ao Grupo CRM —, confirmam essa tendência. A primeira, comandada por Alexandre Costa, tem cerca de 4,2 mil lojas em operação no Brasil e registrou um faturamento de R$ 1,7 bilhão no período de Páscoa, 27% a mais do que no ano passado. O resultado é atribuído a uma nova abordagem publicitária, ao avanço de 20% do e-commerce e ao aumento de representatividade da venda direta, canal reativado pela marca em 2017.
Já no Grupo CRM, que agora compõe o portfólio da Nestlé, o crescimento na Páscoa deste ano foi de 20%, motivado pelo reforço no trabalho de marketing regional, vendas digitais, produtos licenciados e collabs.
![Tom Moreira Leite, presidente da ABF — Foto: Thayná Bonin](https://s2-pegn.glbimg.com/OTmNCiT-LsYcrWqL2HIoFmiCsi8=/0x0:1400x788/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba41d7b1ff5f48b28d3c5f84f30a06af/internal_photos/bs/2022/5/0/FVrqSDQSqTmN2FVfUJlg/antonio-moreira-leite-.jpg)
Além de Comércio e Distribuição, os segmentos de Food Service e de Serviços e Outros Negócios — com destaque para franquias B2B, de logística e de marcas ligadas ao agronegócio — apresentaram crescimentos expressivos, de 26,6% e 25,3%, respectivamente. A ABF atribui os números positivos à consolidação do atendimento presencial em restaurantes e à manutenção das operações de delivery pós-pandemia, bem como à alta geral do setor de serviços.
Faturamento das Franquias por Segmentos - 1º Tri 2024
Segmento | 1 Tri 2023 (em milhões de reais) | 1 Tri 2024 (em milhões de reais) | % Variação Faturamento | % Variação Unidades |
Alimentação – Comercialização e Distribuição | 4.572 | 6.578 | 43,9% | 9,1% |
Alimentação – Food Service | 7.811 | 9.886 | 26,6% | 13,2% |
Casa e Construção | 3.788 | 4.388 | 15,8% | 1,8% |
Comunicação, Informática e Eletrônicos | 1.570 | 1.754 | 11,7% | 4,0% |
Entretenimento e Lazer | 575 | 688 | 19,6% | 6,1% |
Hotelaria e Turismo | 2.389 | 2.661 | 11,4% | 0,6% |
Limpeza e Conservação | 452 | 512 | 13,2% | 13,3% |
Moda | 5.542 | 5.849 | 5,5% | 1,4% |
Saúde, Beleza e Bem-Estar | 12.379 | 14.202 | 14,7% | 0,4% |
Serviços Automotivos | 1.915 | 2.179 | 13,8% | 0,7% |
Serviços e Outros Negócios | 6.613 | 8.287 | 25,3% | 2,1% |
Educação | 3.247 | 3.576 | 10,1% | 1,9% |
Total | 50.854 | 60.560 | 19,1% | 4,1% |
Os resultados ainda não consideram os impactos das chuvas no Rio Grande do Sul, que começaram em abril. De acordo com a entidade, cerca de 11 mil unidades franqueadas funcionavam no estado antes das enchentes. “Estamos acompanhando de perto. Muitos donos de unidades foram afetados e veremos os números com mais clareza na pesquisa do segundo trimestre”, diz Leite.
Mais 5,7 mil unidades franqueadas
O setor registrou saldo positivo de 5.733 operações, entre janeiro e março, ante o mesmo período do ano passado. O setor totalizou 1,658 milhão de empregos diretos, 4,9% a mais do que no mesmo período do ano anterior.
As operações de rua ainda dominam o franchising, correspondendo a 54,2% do total de lojas no primeiro trimestre de 2024 — em 2023, eram 52% —, seguidas por lojas em shopping centers, que representam 19,8% do todo, frente a 22,2% no ano passado.
A categoria “Outros” passou de 5,2% para 11,7%, puxada por mercados autônomos e operações em prédios comerciais, postos de combustível (lojas de conveniência), condomínios residenciais, store-in-store, hospitais e clubes esportivos.
“Os minimercados autônomos têm uma contribuição importante, mas o resultado não se limita a isso. Com a pandemia e a mudança de hábitos, mudaram os locais com maior circulação de pessoas. Dessa forma, as franquias têm buscado outros espaços para explorar, como hospitais e postos de gasolina. O modelo store-in-store, com mais de uma marca dentro de uma mesma operação, também é uma tendência”, afirma Leite.
A pesquisa da ABF é feita por amostragem, com base em respostas de redes associadas e não-associadas, e levantamentos feitos por outras entidades e governos.