Criada em 2020, em meio à pandemia de covid-19, a startup EmiteAí surgiu com a proposta de otimizar processos e burocracias logísticas, conectando transportadores, embarcadores e motoristas em um único software. Fundada por Alan Knetsch, Ewerton Caburon, Marco Cabral e Wellington Lucena, a empresa tem sede na cidade de Blumenau, no estado de Santa Catarina.
Há quatro anos em operação, o negócio vivenciou um grande salto financeiro justamente no período pós-pandêmico. Em 2023, o faturamento da logfintech chegou aos R$ 4 milhões. Apenas em fevereiro de 2024, a startup registrou cerca de 14 milhões de emissões de documentos logísticos por dia.
Antes da criação da EmiteAí, Ewerton Caburon, cofundador e atual CEO da startup, transitou pelo segmento logístico como diretor-executivo de operações. Por conta desse tipo de experiência, Ewerton teve a ideia, ao lado dos parceiros de negócio, de criar uma plataforma digital que pudesse minimizar as dificuldades enfrentadas pelas grandes transportadoras e embarcadoras espalhadas pelo Brasil.
“Analisamos o mercado e encontramos poucas empresas com tecnologias modernas e completas. Normalmente eram soluções com dez a quinze anos, em um universo de mais de 150 mil clientes. Foi ali que procuramos nosso primeiro cliente disposto a nos ajudar a testar” explica Caburon. A empresa Andrade Logística, situada no interior do estado de São Paulo, inaugurou a clientela da EmiteAí.
O investimento inicial para criar a startup foi de R$ 750 mil, obtido com capital de alguns dos sócios-fundadores. A quantia foi utilizada para a construção e distribuição do software ao público e para a contratação do primeiro funcionário da empresa.
Hoje, a EmiteAí atua em três principais pilares: gestão de documentos, gestão financeira – por meio da automação de pagamentos – e gestão operacional, utilizando tecnologia para unir todos os procedimentos de gestão de transporte de carga, mercadorias e pedidos. O software também faz roteirização, gestão de motoristas agregados e integração com redes de pedágio.
“Nossa solução olha do início ao fim para o processo logístico. Interferimos de maneira positiva na vida do motorista, seja reduzindo o tempo que normalmente ele ficava parado em uma doca de carregamento para sair com a carga, seja no processo de pagamento e comprovação de entrega. Tudo pode ser resolvido via aplicação sem necessariamente ter de ficar perdendo tempo com as burocracias do processo”, diz.
![Ewerton Caburon, CEO da EmiteAí — Foto: Divulgação](https://s2-pegn.glbimg.com/k4DYlbZfQFVt8rY27AzMiY0Xfwo=/0x0:1706x2560/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba41d7b1ff5f48b28d3c5f84f30a06af/internal_photos/bs/2024/I/L/SQnFWASqC1nL3GsDnV2w/ceo-emiteai.png)
Entre os principais desafios enfrentados durante o início do negócio, Ewerton destaca o processo de começar a vender o produto. Ou seja, a etapa de convencer as transportadoras de que a EmiteAí poderia, de fato, facilitar demandas processuais dentro de uma empresa do setor logístico.
“[Precisávamos] convencer um transportador que usa o mesmo sistema há mais de cinco anos a mudar para uma empresa recém-criada que estava propondo aumentar produtividade, eficiência, escalabilidade e automação de processos logísticos em menos de um minuto e um só lugar, com uma tecnologia toda em nuvem. O cliente acabava não olhando com bons olhos o nosso material comercial, acreditando que seria uma promessa impossível. Então tivemos de deixar o cliente testar nosso produto de 10 a 15 dias de graça”, afirma.
Em seguida, segundo Caburon, veio o desafio da escalabilidade. “Com o crescimento de clientes, vieram os desafios financeiros, já que precisamos colocar mais estrutura, contratar pessoas e continuar garantindo esse teste grátis. Foi aí que buscamos uma rodada de investimento-anjo para injetar capital na empresa. Com a rodada, começamos a escalar mais o negócio, e hoje [conseguimos] equilíbrio financeiro com um crescimento sustentável mês a mês.”
Apesar de ter sede em Santa Catarina, a startup sentiu impactos indiretos das chuvas intensas registradas no Rio Grande do Sul entre o fim de abril e meados de maio, devido aos efeitos no setor logístico. A “Pesquisa de Impacto no Transporte – Enchentes no Rio Grande do Sul”, divulgada pela CTN (Confederação Nacional do Transporte) em 14 de junho, aponta que, entre as 171 empresas de transporte do estado consultadas, 31,6% tiveram a operação logística parcial ou totalmente paralisada por mais de 15 dias, desde o início das fortes chuvas.
“O [cenário no] Rio Grande do Sul teve um impacto muito grande para todas as empresas do setor de logística. Tivemos grandes estradas interrompidas e grandes pontes quebradas, vimos o RS ficar ilhado. Com isso, nossos clientes que operam no estado tiveram impactos na redução de demanda, o que consequentemente impacta a EmiteAí no volume de emissão de documentos fiscais emitidos”, diz Caburon. Ele diz, porém, que as demandas de clientes em outros estados foram suficientes para equilibrar a operação da startup.
Para 2024, a EmiteAí espera ter um aumento de 200% no faturamento em comparação ao registrado em 2023, chegando aos R$ 12 milhões.