Nascido e criado em Porto Alegre, o ator Werner Schünemann, de 65 anos, viaja constantemente a São Paulo e ao Rio de Janeiro para trabalho, mas mantém residência fixa na capital gaúcha, onde enfrenta as consequências das fortes chuvas e enchentes que atingem a maior parte do estado. Em entrevista a Quem, o artista conta que ficou dois dias sem energia elétrica e continua sem o abastecimento de água.
"Triste é uma palavra delicada para falar da situação, que é trágica e catastrófica", desabafa Werner, que não teve o bairro onde mora alagado.
"A energia elétrica voltou, mas a água, não. Só vamos precisar deixar a casa se tivermos problemas sérios com a água, porque, quando terminar a água da rua, ainda dá para usar a da piscina para fazer algumas coisas, como limpeza e até banho se não tiver muito cloro. Mas foi muito desconforto nos dias que ficamos sem água e sem luz, comecei a me sentir como se não devesse estar aqui", continua ele.
Schünemann diz que não teve problemas com falta de comida, pois tem o hábito de deixar sempre a despensa e geladeira bem abastecidos, mas relata a dificuldade de comprar água mineral para beber em Porto Alegre. "Cheguei no supermercado na hora que chegou um caminhão com água. Nunca tinha visto aquilo, um tumulto. Cada um ganhou um fardo de água com seis garrafas e é isso que temos no momento", relembra.
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Para Werner, não é possível ver uma catástrofe ambiental como essa e não falar das mudanças climáticas causadas no planeta pelo ser humano. "Nós descuidamos do país, descuidamos do planeta e não levamos em consideração o que os cientistas estavam avisando. Boto isso na conta da nossa irresponsabilidade, da nossa leviandade coletiva com o planeta", argumenta.
Reconstrução
O ator ressalta que o estado de calamidade pública deve permanecer nos próximos dias, com as cidades destruídas pelas enchentes e pela lama carregada pelas águas. Ele fala que testemunhou grandes transformações em Porto Alegre ao longo da vida, viu a cidade melhorar, e também exalta as paisagens do interior do Rio Grande do Sul, que provavelmente não serão mais as mesmas quando as águas abaixarem.
"Nos próximos meses, a paisagem vai ter mudado com destruição, com árvores levadas pelo barro, com animais mortos. Isso tudo vai fazer parte de uma nova paisagem e, certamente, vai ser muito chocante, vai ser uma baita mudança de paisagem, e eu acho que o Rio Grande do Sul um estado tão bonito, é muito triste tudo isso", lamenta.
Por conta de toda essa destruição, um grande trabalho de reconstrução será necessário, e Werner, que já fez doações e tem dado apoio a voluntários que chegam de outros estados, faz um apelo para o restante do Brasil não deixar de colaborar com os gaúchos, que ainda precisarão de ajuda nas próximas semanas e meses. "A solidariedade é a nossa grande arma e força. A gente deve continuar com ela agora nas próximas semanas, porque nesse momento temos muita emoção, mas essa emoção vai passando e depois, daqui a duas ou três semanas, a solidariedade, essa união, vai continuar sendo necessária. Então, é um apelo que eu faço, não vamos abandonar a bondade", pede.
"O ser humano tem monstros dentro de si, mas de repente ele dá amostras de uma coisa muito bonita que é essa solidariedade, essa a bondade. Considero bondade revolucionária, ser bom é revolucionário", conclui Schünemann.
Como doar
Desde a última semana, fortes chuvas e enchentes assolam a maior parte dos municípios do Rio Grande do Sul. Segundo dados divulgados pela Defesa Civil desta quinta-feira (9), os temporais causaram 107 mortos, deixaram 136 desaparecidos e 374 feridos. Ao todo, há mais de 230 mil pessoas fora de casa, sendo 67,5 mil em abrigos e 164,5 mil desalojados (na casa de familiares ou amigos).
É possível doar qualquer valor via Pix para a iniciativa SOS Rio Grande do Sul. As doações podem ser feitas pela chave Pix 92.958.800/0001-38 (CNPJ), pelo QR code ou presencialmente no Centro Logístico da Defesa Civil Estadual.
Em São Paulo e no Paraná, todas as agências dos Correios estão abertas para receber doações que serão enviadas ao Rio Grande do Sul sem qualquer custo para o doador. Serão recolhidos alimentos de cesta básica, produtos de higiene pessoal, material de higiene seca e itens de vestuário. Os Correios aconselham o doador a etiquetar a doação com a categoria dos produtos para facilitar a distribuição para as vítimas.