TonTom celebra Top 1 viral aos 17 e busca construir identidade além de Périssé: 'Confio no que faço'

Se você é um usuário assíduo do TikTok, provavelmente já deve ter passado pelo refrão de Tontom Perigosa nas últimas semanas. O áudio qualificado como Popular na plataforma já alcança mais de 2800 reproduções na voz da caçula de Heloisa Périssé e do diretor Mauro Farias. A faixa com melodia nostálgica e penetrante é parte do EP Mania 2000, primeiro lançamento oficial da adolescente, produzido e divulgado de maneira independente.

"Em nenhum momento cheguei e bati o martelo de que sou cantora. Acho que minha relação com a música está em construção e me considero mais alguém que faz música do que alguém que é uma cantora de fato, sabe?"

Nascida Antônia, ela começou a fazer aula de canto aos 11 anos e, desde então, tem mergulhado cada vez mais nesse processo. Antes do hit, a irmã mais nova da atriz Luisa Périssé e da cantora Raquel DiMantas chegou a estrelar o musical Djavanear - Um Tanto Flor, Um Tanto Mar e protagonizar o longa Uma Fada Veio me Visitar com Xuxa Meneghel. Agora, "o que mais quer na vida" é seguir reconhecida pela música.

Tontom - que desvinculou do sobrenome de peso para a identidade artística - abre o coração para a Quem sobre como colocou suas músicas no mundo, inspirações, ciência dos privilégios de uma 'nepobaby', incentivo dos pais, sonhos profissionais e a confiança de querer fazer a carreira acontecer com as próprias pernas.

Quem: Como surgiu a música TonTom Perigosa?
Tontom: A música surgiu a partir do título que uma amiga chegou pra mim e falou de uma forma superdespretenciosa o 'Tontom Perigosa' e esse nome ficou na minha cabeça por um tempo pela sonoridade. Na época que esse nome surgiu, acho que eu ainda nem tinha escrito a música. Então, esse título ficou meio que borbulhando na minha cabeça por um tempão até o momento em que eu sentei no piano e a música saiu.

E como decidiu lançar um EP?
Já tinha algumas músicas escritas que eu sabia que iria querer lançar em algum momento e um dia sentei com o Guilherme Lirio, que foi o cara que produziu meu EP, e a gente escolheu quais músicas iriam entrar. Já tinha mostrado as minhas músicas para pessoas próximas, amigos, família, feito dois shows, e as respostas sempre foram muito boas. Tinha muita vontade de compartilhar essas minhas ideias e os meus pais sempre me apoiaram muito, falavam: 'Você tem que lançar isso'. Meus amigos também. Até o dia que eu lancei de fato, e agora existem e estão no mundo.

Como reagiu ao fato da música viralizar nas redes? Já imaginava isso?
Apesar de sempre ter confiado muito no meu trabalho e saber que o que faço é de qualidade, colocar todo o meu coração nisso, não esperava que fosse viralizar dessa maneira. Fiz tudo de uma maneira muito orgânica e a gente sabe como as coisas funcionam no dia a dia. Se você não colocar grana, é muito difícil das suas coisas fazerem sucesso. Obviamente, tenho todo um suporte, apoio, mas fiz tudo de forma independente, sem gravadora, sem investir em tráfego pago, tanto nas redes sociais quanto no Spotify.

E como fez para divulgar?
Ao mesmo tempo, queria muito fazer acontecer e fiz minha parte, fiz o que pude, fiz vídeo, pensei, tive uma estratégia que a Nous Music fez para o meu Instagram, tive a Cecília Carvalhosa fazendo as artes e minha irmã Raquel Dimantas como diretora criativa do trabalho no geral, toda uma ideia por trás das músicas e o que queria passar com isso. Achei que poderia chegar em outras pessoas, estourar minha bolha de certa forma, mas a repercussão que teve foi um choque para mim da maneira mais positiva possível.

O que passa na cabeça ao começar a ser reconhecida como cantora?
Acho que começar a ser reconhecida como alguém no mundo da música, como uma cantora, como alguém que faz música, é o meu sonho se tornando realidade. Acho que não tem nada que eu queira mais na vida do que isso e tenho muita vontade de entrar cada vez mais nesse mercado e crescer cada vez mais, aprender cada vez mais. Ser reconhecida pelo que eu faço e pelo que eu amo fazer é uma das coisas mais emocionantes e lindas que eu já experienciei na minha vida inteira.

Quem te inspira musicalmente?
Tem muita gente que me inspira. Uma coisa que eu amo é conhecer artistas novos e músicas novas e sempre fui muito influenciada a isso, principalmente pelo meu pai. Tenho muitas referências dos anos 70, anos 80, mas também escuto muita coisa atual. Rita Lee é uma das minhas referências, Beatles com certeza é uma das minhas referências, Gilberto Gil, esses são os clássicos. Billie Eilish também é uma artista atual de que gosto bastante, Mac DeMarco, Men I Trust. Amo muito essa parte do meu trabalho que é conhecer e ouvir músicas e estar sempre com a cabeça aberta para isso.

Heloisa tem te apoiado nas redes, qual a importância do incentivo da sua mãe como uma artista já renomada com o público?
Minha mãe sempre me apoiou muito na vida pessoal e não é diferente nas redes sociais e agradeço o incentivo dela e todo o apoio que ela sempre fez questão de me dar. Mas deixo claro que tenho muita vontade de construir minha própria identidade e desvincular o meu nome ao dela, não ser sempre a filha da Heloísa Perissé, e sim a Tontom, que é quem eu sou. Sou muito grata pelo incentivo e por toda ajuda que ela faz questão de me dar, mas sempre deixo claro que isso é uma escolha dela, fazer esse incentivo e esse apoio nas redes sociais, porque tenho muita vontade de construir isso por conta própria.

E qual conselho ela te deu nesse início de jornada artística?
Persistência é o maior conselho que ela costuma dar nesse início, porque não é fácil, mas ela acredita muito em mim e na minha irmã. Essa é uma das principais características da minha mãe como mãe, esse incentivo à nossa independência e fazer com que a gente voe com as nossas próprias asas. Ela sempre faz muita questão de que a gente se sinta livre para criar e se conectar com o mais verdadeiro que existe em cada uma de nós, sempre ensinou a gente a tratar todo mundo que trabalha com a gente muito bem. Quem apoia a gente, está sempre no coração. Acho que esse olhar muito amoroso para o mundo é a coisa mais bonita que ela ensina para mim, para a minha irmã. Acho que isso é presente não só na vida, mas como no início dessa jornada artística.

O que tem a dizer a quem te chama de nepobaby de forma pejorativa?
Já sabia que uma hora ou outra iriam começar a me chamar de nepobaby de forma pejorativa e é algo esperado, não tem muito como fugir. Afinal, realmente a gente vive num mundo onde algumas pessoas nascem com mais oportunidades que outras. Tenho total noção dos meus privilégios e acho que o importante é a gente ter consciência e saber usar isso da melhor maneira possível. Continuar estudando para fazer jus aos privilégios que a gente tem.

E sente alguma pressão maior de mostrar seu trabalho por vir de uma família artística?
Não sinto uma pressão maior de mostrar os meus trabalhos por vir de uma família artística. Até porque estou no ramo da música, que é diferente do que a maioria das pessoas da minha família faz, que é audiovisual. Só a minha irmã Raquel Dimantas, que faz música também, já lançou um álbum inclusive. Mas não sinto pressão, porque cada um na minha família tem uma personalidade, uma identidade muito própria e todo mundo se apoia muito. Sei que faço o que faço na melhor qualidade que posso e é isso que tenho para entregar e confio muito nesse trabalho. Nunca fui incentivada a sentir essa pressão nem pela minha família, nem por ninguém ao redor, não cresceu em mim. Acho que sou muito pé no chão também e tenho meus objetivos muito em mente e confio no que faço.

O que almeja profissionalmente?
Tenho muita vontade de continuar nesse ramo da música e ser cada vez mais reconhecida, ter mais gente ao meu redor, mais pessoas me apoiando. Tenho muita vontade de fazer muitos shows, turnês, festivais, aprender a estudar cada vez mais e estar sempre em busca de ser cada vez melhor no que eu faço.

Qual seria seu feat dos sonhos e por quê?
Tenho muita vontade de fazer colaboração com muita gente, eu amo trocar ideia de criatividade com pessoas. Mas acho que sonho, sonho, sonho seria fazer um feat com Caetano e Gil, que são pessoas que me inspiram muito musicalmente. Dos atuais, também tem muita gente que eu admiro demais, tipo Tim Bernardes, Ana Frango Elétrico, Dora Morelenbaum, acho que são todos muito ricos musicalmente, gostaria muito de um dia poder estar junto.